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Médicos estão "indignados" com o retrocesso na qualidade do SNS
A reunião promovida pela Ordem dos Médicos do Porto é mais um passo no braço de ferro que opõe o ministro Paulo Macedo aos profissionais de saúde. A Ordem ainda espera que o ministro entregue a ata da reunião que tiveram na sexta-feira e continua queixar-se de não conseguir entender "porque é que as soluções que a ordem apresenta nunca são devidamente atendidas" pelo Ministério da Saúde.
“Na prática, estamos a transformar o nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS). Isto só vai ter efeitos em termos de números da Organização Mundial de Saúde (OMS) e das instituições internacionais daqui a dois ou três anos, quando ao olharem para os números de 2014 verificarem que os índices excelentes que tínhamos começam claramente a decrescer. Não podemos aceitar isso”, afirmou Miguel Guimarães à agência Lusa.
O presidente da Ordem dos Médicos/Norte acrescentou que as centenas de médicos presentes no encontro manifestaram “uma indignação muito grande” em relação “ao que está a acontecer” na saúde.
O respeito pelos valores e princípios que acompanharam os 35 anos de construção e desenvolvimento do nosso SNS está a ser violado de forma gratuita, sem qualquer mais-valia para a organização e qualidade dos cuidados de saúde”, defendeu Miguel Guimarães.
“Em nosso entender, é urgente quebrar o círculo vicioso e precário que está a bloquear a Saúde em Portugal. É doloroso o tempo que este ministro está a fazer perder ao SNS e a todos nós. Optou por um caminho que conduz a um retrocesso sem precedentes na qualidade e humanização da Medicina que escolhemos quando decidimos ser médicos. O respeito pelos valores e princípios que acompanharam os 35 anos de construção e desenvolvimento do nosso SNS está a ser violado de forma gratuita, sem qualquer mais-valia para a organização e qualidade dos cuidados de saúde”, defendeu Miguel Guimarães.
Os médicos alertaram também que os efeitos das políticas de Paulo Macedo só irão ser verificados pela Organização Mundial de Saúde e outras instituições internacionais "daqui a dois ou três anos, quando ao olharem para os números de 2014 verificarem que os índices excelentes que tínhamos começam claramente a decrescer. Não podemos aceitar isso”, conclui o presidente da Ordem dos Médicos/Norte.
A organização propõe uma nova agenda para a Saúde que seja "mobilizadora de uma política diferente", em que o combate ao desperdício "seja objetivo, transparente e sem ‘compromissos’ ou ‘desperdícios’ políticos" e em que "a instabilidade não seja uma ameaça constante".
Caso o Ministério não dê resposta às medidas propostas pela Ordem, os médicos prometem realizar conferências de imprensa ao nível regional para assinalar as "deficiências e insuficiências do SNS", a começar já na próxima segunda-feira em Bragança.
Hospitais estão a bloquear pedidos de medicamento para a hepatite C
Em conferência de imprensa realizada esta quinta-feira, a associação SOS Hepatites revelou que há medicos a sofrerem pressões das administrações hospitalares para não fazerem pedidos de autorização para um novo medicamento contra a hepatite C, chamado Sofosbuvir, que ainda aguarda autorização do Infarmed.
O bastonário apelou aos doentes para que peçam ao seu médico cópias do pedido de autorização do medicamento e em seguida as enviem para a Ordem, de forma a que esta possa denunciar as administrações dos hospitais em causa.
O bastonário da Ordem dos Médicos uniu-se às preocupações da associação, dizendo ter informação que até agora “só chegaram dois pedidos ao Infarmed” e que estes foram autorizados. “Sabemos que há médicos pressionados pelas administrações hospitalares para não fazerem seguir os pedidos”, revelou José Manuel Silva à agência Lusa.
O bastonário apelou aos doentes para que peçam ao seu médico cópias do pedido de autorização do medicamento e em seguida as enviem para a Ordem, de forma a que esta possa denunciar as administrações dos hospitais em causa.
“Sabemos de casos concretos, mas não é altura agora de revelar os hospitais. Têm dificuldades, que compreendemos, decorrentes da lei dos compromissos. Quem está a condicionar a posição do Infarmed e dos hospitais é o Ministério da Saúde. A responsabilidade é deles”, afirmou o bastonário da Ordem dos Médicos.
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