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Consegue identificar as diferenças?

A reestruturação da dívida e o referendo do Tratado Orçamental estão no centro de uma mudança urgente que possa dar novo fôlego à economia e às pessoas e as leve a estar mais próximas das decisões que as afetam.

A campanha para as eleições europeias já começou oficialmente. De uma ou outra maneira, já se começaram a ver os cartazes e outdoors, panfletos, jornais, anúncios de comícios ou festas para marcar campanha, tanto à esquerda como à direita.

No entanto, as diferenças entre estes dois pólos são cada vez mais visíveis, começa a tornar-se impossível ignorá-las. E nestas diferenças se joga, mais um pouco e mais uma vez nas urnas, o futuro das nossas vidas.

De um lado, temos uma esquerda que, apesar de em algumas propostas de fundo sobre o projeto europeu diferirem, apresenta propostas que devolvem aos trabalhadores e trabalhadoras o que foi sendo roubado nos últimos três anos, propostas para dar um empurrão à criação de emprego e combater o desemprego.

Da parte do Bloco de Esquerda, algumas das propostas vêm sendo secundadas por muitos e muitas: a reestruturação da divida e o referendo do Tratado Orçamental estão no centro de uma mudança urgente que possa dar novo fôlego à economia e às pessoas e as leve a estar mais próximas das decisões que as afetam.

O trabalho tem que estar no centro das prioridades, pois só com emprego com direitos se consegue estimular uma economia estagnada e criar investimento. As privatizações não podem mais ser a solução encontrada pela direita para arrecadar dinheiro para pagar juros de uma dívida que vai crescendo constantemente. A escolha não pode continuar a ser privatizar serviços essenciais à vida dos cidadãos como saúde, educação ou transportes públicos.

Mas também não nos esquecemos das questões sobre imigração, já que o projeto europeu deve ser inclusivo de todos e todas as cidadãs europeias e do mundo, acabando com as situações que se vivem em zonas fronteiriças como Lampedusa de claro desrespeito pelos direitos humanos. 1

Do outro lado, temos uma direita que claramente vive numa realidade paralela ou está cada vez mais longe da realidade de todos nós. PSD e CDS fazem campanha utilizando uma retórica insultuosa: a saída da troika é bom para o país, uma saída “limpa” dizem eles, todos os sacrifícios feitos foram em prol de um crescimento que, na realidade não existe.

Querem fazer acreditar os portugueses e portuguesas que o facto de estarem hoje com salários mais baixos e custos mais altos afinal é apenas o resultado de uma solução ótima que nos permite voltar aos mercados. Até se exibem garrafas de champanhe como forma de comemoração do empobrecimento dos portugueses. Pouca coisa podia ter demonstrado a distância face à realidade a que os líderes destes partidos estão.

Depois temos um PS que aparenta estar no meio, mas no fundo está mais virado para a direita, claro que durante duas semanas o discurso vai divergir do que foi até agora, mas o tempo de eleições é sempre rico em amnésias coletivas e alterações de discurso temporárias.

Sobre o Tratado Orçamental, abstém-se; sobre propostas para criar emprego, abstém-se. Sobre tudo o que interessa, na prática abstém-se; mas na retórica já defende tudo e mais alguma coisa, sem, apesar de tudo, nunca se deslocar da direita. Que o diga Assis, que já fez vislumbrar um possível acordo pós-eleitoral com o PSD.

Voltando ao início, as diferenças entre os partidos da esquerda e da direita estão cada vez mais proeminentes, de um lado há proposta política para melhorar a vida dos portugueses, do outro temos congratulações com um programa de empobrecimento de 3 anos. Apesar de ser uma simplificação, esta diferença é o que conta no dia 25 de Maio; é a diferença entre votar em que abre garrafas de champanhe enquanto o desemprego aumento ou votar em quem apresenta todos os dias projetos lei para fomentar o emprego.

É a diferença entre votar em quem coloca as pessoas ao serviço da dívida ou votar em quem coloca as pessoas em primeiro lugar e coloca o sistema financeiro e os sectores estratégicos ao serviço da sociedade!


Sobre o/a autor(a)

Dirigente do Bloco de Esquerda. Licenciada em Ciências Políticas e Relações Internacionais e mestranda em Ciências Políticas
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