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A OCDE revela: o PIB português diminuirá 0,5% ao ano até 2030

O PIB potencial português crescerá 1,4% ao ano de 2014 a 2030 e a austeridade orçamental terá que atingir anualmente 1,9% do PIB para permitir que a dívida pública atinja os 60% do PIB, uma das metas do tratado orçamental europeu. A austeridade orçamental é 0,5% do PIB superior ao crescimento e é essa a medida da diminuição no nosso rendimento nacional disponível.
Publicado em 7 de maio por Luís Salgado de Matos em O economista português

O PIB potencial português crescerá 1,4% ao ano de 2014 a 2030 e a austeridade orçamental terá que atingir anualmente 1,9% do PIB para permitir que a dívida pública atinja os 60% do PIB, uma das metas do tratado orçamental europeu. O 1,9% destina-se a acelerar o pagamento aos nossos credores. Estes dados constam dos quadros 4.1 e 4.4 do Economic Outlook da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), ontem divulgado. A austeridade orçamental é 0,5% do PIB superior ao crescimento e é essa a medida da diminuição no nosso rendimento nacional disponível. O Economista Português já publicou estimativas congruentes com estas.

Na nossa comunicação social, O Economista Português apenas viu uma referência ao número assustador do 1,9% no Diário de Notícias on line e mesmo assim por pouco tempo. É óbvia a razão da censura daqueles números em plena campanha eleitoral europeia: eles mostram que o tratado orçamental só é exequível mediante uma diminuição considerável do nosso nível de vida: pelo menos até 2030, ele diminuirá todos os anos. essa diminuição será superior a oito por cento. O CDS, o PSD e o PS estão de pés e mãos atadas perante o tratado orçamental e por isso preferem meter a cabeça na areia e celebrar as deliciosas fantasias da saída limpa. Com os nossos media são em geral situacionistas…

A austeridade orçamental é diminuição de despesas ou o aumento de receitas do orçamento do Estado e destina-se a gerar um saldo primário positivo, por meio da repressão económica. O valor de 1,9% parece inferior à realidade. A própria OCDE o reconhece de modo expresso e explica uma das razões do excessivo otimismo: para conseguir inverter a dívida, será necessário um novo pico de austeridade que, no caso português, alcançará 5%.

O excessivo otimismo daquelas contas ressalta ainda da comparação com Espanha: a dívida pública do país vizinho é proporcionalmente inferior à nossa, todos os seus indicadores comportamentais de dívida são melhores do que os nossos e a OCDE considera que terá que aumentar a austeridade orçamental 3,5% ao ano, pouco menos do dobro de Portugal. É pouco clara a razão desta discrepância. Numa primeira aproximação, parece que ela resulta em parte da austeridade orçamental já efetuada em 2010-2013: 7,2% do PIB em Portugal, 6,9% em Espanha.

Se o aumento do pagamento aos nossos credores for superior a 1,9%, a queda do nosso nível de vida será superior ao referido acima, exceto se o PIB crescer mais do que o previsto.

Anotemos que a OCDE trabalha com valores para a austeridade orçamental afastados da realidade; no período 2010-2013 ela foi inferior aos 7,2% do PIB (medida pela diminuição do défice orçamental, a austeridade orçamental terá aumentado naquele quadriénio uns 4,5 pontos percentuais do PIB).

Para ter acesso a parte do Economic Outlook, queira dirigir-se a

http://www.oecd.org/economy/economicoutlook.htm

Publicado em 7 de maio por Luís Salgado de Matos em O economista português

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