Miguel Guedes

Miguel Guedes

Músico e jurista. Escreve com a grafia anterior ao acordo ortográfico de 1990.

O planeamento familiar e a saúde sexual, como todas as respostas que são dadas pelo SNS, podem e devem ser avaliadas. Confundir a liberdade individual com doença e fizer disso critério, porém, é inadmissível.

Ao contrário do que Vladimir Putin previra, o "Dia da Vitória" que assinala o triunfo das forças soviéticas sobre a Alemanha Nazi em 1945, não anunciará a capitulação da Ucrânia à sua "operação militar especial".

A boa solução, aparentemente querida, mas protelada mesmo por aqueles que a carregam na boca, é pegar nos mapas existentes, percorrer o caminho e ter a coragem de fazer a regionalização eternamente adiada pelos interesses, bloqueios e hegemonias centrais.

A inadequação do Programa do Governo e do OE ao novo contexto da guerra na Ucrânia que condiciona toda e qualquer perspectiva que hoje se tome como certa é gritante. É assustador que a previsão de aumento de salários e pensões seja de 1%, valor cinco vezes inferior à inflação.

Marcelo, atado de pés e mãos, sem todas as letras mas solto em palavras-guia, não lança qualquer ultimato. Puxa dos galões e, à semelhança do que fez em Dezembro do ano passado ao dissolver o Parlamento, relembra que nele reside o poder nuclear do sistema.

Será inverosímil que aquele António Costa que rompeu com os seus aliados à Esquerda, promovendo a crise política que lhe entregou a maioria nos braços, seja agora o mesmo que pretende criar pontes e espaços de síntese com a oposição.

No seu último discurso oficial à nação russa, o líder russo revelou uma face diferente daquela que, até agora, havia transparecido. Por mais que o tente negar, a "operação cirúrgica de desnazificação da Ucrânia" é mesmo uma guerra que a Rússia sente que pode perder ou que não conseguirá ganhar.

O melhor que se pode desejar é que a lucidez não faça escalar a guerra para o fim de linha químico ou nuclear. Um estatuto de neutralidade com garantias para a Ucrânia parece ser a única solução imediata.

O líder russo extremou posições sobre a independência da Ucrânia, concretizando-a numa guerra, condenada a escalar e a assumir contornos ainda mais dramáticos nos próximos dias e semanas.

Este é o fim do pós-guerra e o mais pesado início para a reconfiguração da nova ordem mundial que já se vislumbra, mas que ainda não tem vigência. A multipolaridade é um facto e uma nova bipolaridade entre blocos pode ser o reacender dos piores fantasmas.