Miguel Guedes

Miguel Guedes

Músico e jurista. Escreve com a grafia anterior ao acordo ortográfico de 1990.

Foi necessário encerrar os jardins da Quinta das Conchas e dos Lilases (Lumiar, Lisboa, Portugal) para que os noticiários em horário nobre crescessem em espectacularidade na informação que nos prestavam sobre a vida animal.

Quando, há mais de 10 anos, Manuela Ferreira Leite sugeria que se deveria suspender a democracia para fazer todas as reformas necessárias, estava longe de pensar que 23 dias apenas pudessem fazer tanta diferença.

São impressivas as imagens da cidade de São Paulo, segunda-feira, às 15 horas, coberta de nuvens cinzentas a impedir raios de sol ao vislumbre, luzes acesas como se a noite tivesse chegado mais cedo para competir com o tempo que, assumidamente, se cola às trevas.

Se o PS se aproximar da maioria absoluta, é porque conseguiu colocar a greve em brasas lentas e os motoristas a ferro e fogo.

Poder-se-á discutir a proporcionalidade e a oportunidade da greve mas quando vemos o governo coligar-se objectivamente com os interesses da contraparte, decretar serviços mínimos tão máximos que põem em causa a essência da greve, percebe-se que só o curto prazo é a preocupação.

A ascensão do CDS pode bem fazer-se à custa da comédia e das vagas adicionais para pagantes ricos nas universidades públicas que esta semana Assunção Cristas defendeu.

A previsibilidade em política só não antecipa a morte do artista se ainda houver terra para queimar após vindima. Que foi chão que deu uvas, isso todos dirão.

Habituado a cuspir palavras, os últimos dias de Trump têm feito salivar os mais abjectos racistas e xenófobos.

Como ficou bem notório no último debate do estado da nação, a esquerda à esquerda do PS ganhou a batalha da inclusão nos últimos quatro anos.

Todos os dias somos confrontados com aberrações com as quais somos cúmplices por omissão. Basta olhar e exigir o confronto com o que existe como regular vazio, ao nosso lado, aquele que suportamos mesmo quando nos intima por voz própria.