Miguel Guedes

Miguel Guedes

Músico e jurista. Escreve com a grafia anterior ao acordo ortográfico de 1990.

Há 30 anos, 21 de Abril de 1989, polícias (os "molhados") que se manifestavam na Praça do Comércio pelo direito de associação sindical foram brindados com os cães e canhões de água dos seus colegas do Corpo de Intervenção da PSP (os "secos").

Depois de permanente instabilidade e sucessivas eleições, Espanha foi novamente a votos e encontrou uma solução mitigada.

A teoria da relativização parece querer substituir-se à teoria da relatividade e Albert Einstein pode bem estar a dar voltas no túmulo. As realidades comparativas são hoje tremendas e escapam ao físico alemão.

Vivemos tempos difíceis para a democracia e o momento é de exigência.

A arrumação dos deputados eleitos à Assembleia da República envolveu-se numa dança de cadeiras. Há lugar para todos, obviamente, mas contam-se pelos dedos algumas cadeiras de sonho e sobejam tantas outras a evitar.

A "geringonça" e outras máquinas foram ao teste das peças. Há quem entenda que o PS venceu por "poucochinho" ao obter uma percentagem maior do que a soma de percentagens de toda a Direita.

Mudar o sentido de voto ou a lógica dos apoios não implica romper com nenhum quadro de convicções pessoais. Uma questão de liberdade. Para os actuais indecisos, nenhum capítulo da História será reescrito quando decidirem o sentido de voto no próximo domingo.

Quando Greta Thunberg, adolescente sueca, iniciou a sua cruzada pela consciencialização sobre as alterações climáticas, era apenas uma curiosa miúda com asperger de peluche, opiniões certeiras e um desenvolvimento comunicacional exuberante. Não transportava qualquer perigo.

Foi preciso um frente a frente reunindo Costa e Rio à volta de meia dúzia de assuntos, num debate caracterizado pela ausência de ideias sobre o SNS.

O PAN é um partido simpático, é difícil não concordar com a maioria das suas propostas ambientais e não duvido que seja constituído por muita gente de convicções e esforço. Mas a leitura do seu programa eleitoral prega-nos bons sustos.