Miguel Guedes

Miguel Guedes

Músico e jurista. Escreve com a grafia anterior ao acordo ortográfico de 1990.

Hoje seria uma curiosa data de encerramento. A divisão artificialmente criada à volta da realização da cerimónia do 25 de Abril no Parlamento fez desta data uma arma de arremesso e de viral joguete político.

Serão quase nenhumas as saudades que viremos a ter do momento em que o Mundo, anunciado catástrofe, inesperadamente tombou.

O estado de emergência em que vivemos tem esta natureza quase trágica de exigir comprometimento. Convoca inteligência, conhecimento, o descer à rua, à terra.

Passaram 15 dias e já poucos discutem se o estado de excepção era ou não necessário.

É liberal mas, meses depois de uma bela campanha de outdoors, o Estado assumiu-se na sua natureza indispensável e o Mundo encarregou-se de desabar sobre o fim das ideologias.

Emergência, use mas não abuse. A primeira concretização (porque outras haverá) do histórico, doloroso mas necessário segundo estado de excepção da democracia portuguesa é bem revelador de quanto o Governo dispensava que o presidente da República o tivesse declarado.

Fica então para segunda-feira porque fechar as escolas a uma sexta-feira-13 pode dar azar. As escolas ainda não fecharam mas a Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares anunciou o encerramento do atendimento presencial.

A ressurreição de Joe Biden como alternativa a Donald Trump baseia-se no medo. Não estamos no território da desinformação, do triunfo das fake news ou da interferência russa.

A perspectiva de uma vida fechada em casa própria não é fascinante para ninguém. Nem para os proprietários. São as escolas, os concertos e as ruas que nos dão vida. É a certeza de que o risco faz parte até à próxima vacina.

Um jogador, pés de barro ou de tijolo, que marca em seis jogos consecutivos na Liga dos Campeões do ano passado, ultrapassando o recorde de Mário "voando entre os centrais" Jardel.