Miguel Guedes

Miguel Guedes

Músico e jurista. Escreve com a grafia anterior ao acordo ortográfico de 1990.

António Costa anulou as presidenciais. Encostado à candidatura-chapéu-de-chuva de Marcelo Rebelo de Sousa, recusando o apoio à candidatura da militante socialista Ana Gomes, Costa remodela, até na saúde, em pleno reacendimento da pandemia e nem hesita em exonerar.

Soa mesmo a eleitoralismo socialista, esta nova normalidade do PS perder a sua vocação de poder por altura das eleições presidenciais.

O Centeno que perseguia a verdade e - em simultâneo - a cadeira de Carlos Costa, deu lugar ao governador que se senta em cima dos mesmos relatórios secretos do antecessor, fechando-os a sete chaves.

Não deixem o bastonário ser político, nem permitam ao primeiro-ministro ser médico.

Para André Ventura é uma minudência Steve Bannon ter sido acusado do desvio de milhões de dólares para alimentar as suas redes políticas extremistas, a sua vida pessoal de luxos e a de outros comparsas de crime.

É muito penoso escrever sobre a ignomínia. Sobre aquilo que nem nos nossos piores pesadelos pensamos ser necessário escrever um dia.

São muitos os casos em que uma das partes se unha e desunha para pôr fim à afinidade, sem sucesso. Mas nada que um agente privado nipónico não possa resolver, intrometendo-se como "affaire" ou verdadeiro agente de sabotagem.

Dois anos depois, o PSD volta a abrir os braços a André Ventura (AV). É perturbador que a única coisa que parece aproximar Passos Coelho de Rui Rio seja esta tendência conjunta para normalizar protofascistas num ápice.

Poderiam ser simulacros se fossem antecipações de futuro. Testes, provas de esforço, projecções em tubos de ensaio.

O salvador pode aparecer de fininho, usando as portas entreabertas e o olhar de soslaio. Instala-se, mede o ambiente com o termómetro emocional, saca dos números e faz pela vida.