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Base das Lajes: “EUA devem ao território açoriano anos e anos de ocupação”

Durante um debate público com os trabalhadores da Base das Lajes, que teve lugar na Praia da Vitória, a cabeça de lista do Bloco às eleições europeias, Marisa Matias, frisou a necessidade de assegurar a reconversão total desta base. “Não queremos uma base militar na nossa terra que serve para invadir outros povos”, frisou Lúcia Arruda, coordenadora do Bloco/Açores e candidata às eleições europeias.

Referindo-se à possibilidade da formação de uma força europeia de proteção civil que “esteja disponível não apenas para o território europeu mas que seja também um ponto de contacto com outras regiões do mundo no âmbito da política europeia de desenvolvimento, que tem sido, infelizmente, muito fustigada pelas políticas de austeridade”, Marisa Matias enfatizou que “se os Açores são geostratégicos para a guerra também serão seguramente para fazer a paz”.

“Se os Açores são geostratégicos para a guerra também serão seguramente para fazer a paz”

“Não há nenhuma razão para que não se estabeleça aqui um dos pontos para uma força de paz a nível mundial”, acrescentou a dirigente bloquista.

A cabeça de lista às eleições europeias, afirmando a oposição do Bloco à “permanência da Base das Lajes tal como a conhecemos”, defendeu que “é evidente, pelo que a história nos vai mostrando, que há uma incompatibilidade total entre a guerra e a cooperação”.

“Custa-me ver um território, que tem uma situação geoestratégica por excelência, não só militar como civil, refém dos interesses militares de uma super potência mundial. E uma população que aqui vive, e uma economia que depende dessa utilização, reféns de que aconteça alguma desgraça em qualquer parte do mundo para que se continue a justificar esse interesse geostratégico militar”, avançou Marisa Matias.

“Ficar à espera de saber se existirá uma guerra civil na Ucrânia e se o conflito pode trazer benefícios para a manutenção da Base das Lajes nos Açores é um cenário de horror”, reforçou a dirigente do Bloco de Esquerda, lembrando que a Base das Lajes é conhecida como a porta de entrada de uma guerra que foi travada à margem do direito internacional – a Guerra do Iraque. “A função de porteiro do então primeiro-ministro Durão Barroso teve muito a ver com a sua promoção a presidente da Comissão Europeia”, recordou ainda Marisa Matias.

Segundo a dirigente do Bloco, “a administração norte americana deve ao território açoriano anos e anos de ocupação”, sendo que a Ilha Terceira só beneficiou no que respeita aos postos de trabalho, que são sempre tratados como descartáveis, como acontece agora, quando se fala numa nova reestruturação que irá implicar o despedimento de mais de metade dos cerca de 800 trabalhadores atualmente existentes.

“Se fizermos as contas aos benefícios que a ocupação americana da Base das Lajes trouxe para a Terceira, em comparação com os benefícios para os EUA, é evidente que tem quem que pagar a reconversão daquele território, as indeminizações aos trabalhadores e a recuperação dos danos ambientais são os americanos”, concluiu.

“Não queremos uma base militar na nossa terra que serve para invadir outros povos”

A coordenadora do Bloco/Açores e candidata às eleições europeias Lúcia Arruda enfatizou que o Bloco não quer “uma base militar na nossa terra que serve para invadir outros povos para defender interesses que não são os de Portugal e muito menos dos Açores, como foi o caso do Iraque”.

“A existência da Base das Lajes ao longo de todos estes anos foi sempre um tabu que impediu os Açores e o país de pensar seriamente na nossa posição geostratégica para além do militar”

“A existência da Base das Lajes ao longo de todos estes anos foi sempre um tabu que impediu os Açores e o país de pensar seriamente na nossa posição geostratégica para além do militar”, enfatizou Lúcia Arruda.

“A manutenção a todo o custo da Base das Lajes neste momento como no passado só serve uma pequena elite do continente e uma pequena elite dos Açores”, defendeu a dirigente bloquista, sublinhando que “não estamos a falar de desenvolvimento económico para a maioria da população nem estamos a falar de direitos ou de manutenção de postos de trabalho”.

“Se até hoje nunca fez sentido para o Bloco de Esquerda uma ocupação do nosso território por motivos militares por parte de uma grande potência, muito menos faz sentido continuarmos a prestar vassalagem aos EUA, permitindo que a Base das Lajes fique adormecida para quando a administração norte americana quiser cá passar e fazer o que bem entender em termos bélicos”, adiantou Lúcia Arruda.

Referindo que não acredita que se confirme a instalação do AFRICOM nos Açores, a candidata sublinhou que esse “nunca será o futuro assegurado do nosso desenvolvimento e um verdadeiro uso da nossa posição geostratégica”.

A coordenadora do Bloco/Açores insistiu na defesa da aplicação de uma moratória para a saída definitiva dos Estados Unidos da Base das Lajes, exigindo o pagamento de indeminizações majoradas aos trabalhadores que sejam despedidos, e entende que os Estados Unidos devem compensar financeiramente a economia da Terceira, assim como responsabilizar-se por reparar os danos ambientais provocados.

Lúcia Arruda considerou fundamental para o futuro da ilha Terceira que se inicie já o estudo para implementação, na Base das Lajes, de uma plataforma logística de apoio à aviação civil em conjugação com a hipótese de um porto oceânico de apoio à navegação, que deverá tornar-se mais intensa devido ao alargamento do canal do Panamá.

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