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Alfredo Barroso explica apoio à lista do Bloco

Fundador do PS está com "a luta contra o odioso pacto orçamental, uma das bandeiras da campanha do Bloco". Para Barroso, o tratado é "um 'buraco negro' em que a democracia está destinada a desaparecer, se nada mudar".
Alfredo Barroso é um dos apoiantes do Bloco nas eleições europeias. Foto João Relvas/Lusa

Alfredo Barroso explicou esta semana que a razão do seu voto no Bloco de Esquerda nas eleições de 25 de maio é “porque foi o partido de esquerda que fez da luta contra este odioso pacto uma das bandeiras da sua campanha”. Para o antigo chefe da Casa Civil da Presidência da República, a essência do Tratado Orçamental “é fazer recuar ainda mais o pouco que ainda resta de democracia na União Europeia”.

“Não tenho hoje a menor dúvida de que a fronteira que separa a esquerda da direita, em relação à União Europeia, passa pelo odioso «Pacto Orçamental»”, sublinha Alfredo Barroso.

Numa comunicação apresentada num debate sobre a Europa, realizado pelo Le Monde Diplomatique em Lisboa, Alfredo Barroso disse que o Tratado “implica necessariamente uma forma de austeridade perpétua, sobretudo para os países periféricos da União Europeia, aumenta acentuadamente o risco de explosão da Zona Euro e conduz inevitavelmente a uma retração brutal da democracia na Europa, que pode ser mortal, ao agravar impiedosamente o défice democrático de que sofre há décadas a União Europeia”. Quem beneficiará desta situação são as forças xenófobas e autoritárias de extrema-direita, “que estão em plena ascenção na União Europeia”, prevê o histórico socialista.

“Não tenho hoje a menor dúvida de que a fronteira que separa a esquerda da direita, em relação à União Europeia, passa pelo odioso «Pacto Orçamental»”, sublinha Alfredo Barroso, recordando que a sua aprovação contou com a “cumplicidade dos partidos socialistas, social-democratas e trabalhistas membros da Internacional Socialista”. O fundador do PS diz que o Tratado Orçamental “constitui - depois do Tratado de Maastricht (1992) e do Tratado de Lisboa (2007) - uma espécie de III Ato da história do euro, ao impor de forma radical (e inédita) os princípios do neoliberalismo – ou do ordoliberalismo alemão – que presidem, desde o início, à construção da moeda única”.

 “A crise foi consequência directa da cegueira e da avidez dos mercados financeiros, mas são as despesas públicas e a proteção social que pagam os elevados custos dessa cegueira e têm de ser combatidas”.

Barroso entende que o Tratado mostra bem como os líderes políticos europeus tiraram lições da crise financeira “exactamente contrárias ao que a lógica impunha”. “A crise foi consequência directa da cegueira e da avidez dos mercados financeiros, mas são as despesas públicas e a proteção social que pagam os elevados custos dessa cegueira e têm de ser combatidas”, explica, antes de considerar um “absurdo” que o Banco Central Europeu “inunde os bancos privados com milhares de milhões de créditos em euros a uma taxa muito baixa (1%) para que esses bancos (se assim o quiserem, porque a tal não são obrigados) possam emprestar uma parte dessas somas astronómicas aos Estados (a taxas de 3%, 6% ou mesmo 10%)”.

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