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“Relatório confirma que secretário de Estado disse a verdade”

Afinal há um membro do governo que fala verdade, disse, com ironia, João Semedo, num almoço em Braga que comemorou os 15 anos do Bloco de Esquerda. Esse membro, explicou o coordenador do Bloco de Esquerda, não é, evidentemente, Pedro Passos Coelho, nem Paulo Portas, nem Maria Luís Albuquerque. É o secretário de Estado José Leite Martins, que há duas semanas convocou os jornalistas para lhes contar que o governo se preparava para tornar permanentes os cortes das pensões, que encontraria um novo processo para fazer o cálculo de forma a que houvesse cada vez menos reforma e pensão.
“Quantos ministros vieram desmentir este secretário de Estado? Vários, incluindo o primeiro-ministro”, recordou João Semedo. “Pois sabemos desde hoje, por um relatório da Comissão Europeia, que, afinal de contas, o secretário de Estado só divulgou aos jornalistas o que o governo já tinha cordado com a troika: que as pensões e reformas deixam de ficar dependentes daquilo que cada um desconta, para ficarem ao sabor da vontade dos governos, que podem a qualquer momento alterar o seu valor”.

João Semedo: “A despesa social vai continuar a ser cortada”. Foto de Paulete Matos
Reformas vão ficar na dependência exclusiva da vontade dos governantes
“Dizem que as reformas vão ficar indexadas à economia, ao crescimento, à evolução demográfica”, prosseguiu o coordenador do Bloco de Esquerda. “Treta. Vão ficar é na dependência exclusiva da vontade dos governantes”, asseverou Semedo, afirmando que o Bloco não aceita isso.
“Como também não aceitamos o que já está também acordado com a troika e que o governo desmentiu: que os salários da administração pública sejam reduzidos novamente, não apenas com os cortes que já estão em vigor e que vão ser permanentes, mas também com novos cortes em função de novas fórmulas de cálculo do rendimento do trabalho”, explicando que com as novas tabelas, o governo prepara-se para fazer em 2015 um novo corte das remunerações.
Encerramento de metade das repartições públicas
O relatório, disse João Semedo fala também no encerramento de metade das repartições públicas. “Isto significa despedimentos e desemprego, além do que hoje já está em prática na administração pública.”
"O governo cria as vítimas e deixa-as desamparadas. Nós não aceitamos isso”.
Mas as más notícias do relatório vão mais longe: “A despesa social vai continuar a ser cortada”. Semedo recordou que nos últimos cinco anos – o que envolve também o último governo do PS – as despesas públicas na educação reduziram-se 1,8 mil milhões de euros. Valor equivalente foi cortado no SNS. O valor das prestações sociais cresceu pela desgraça social que o governo provocou, mas tem diminuído o número dos seus beneficiários. Há mais de um milhão de portugueses que perdeu o apoio que tinha do Estado. “Apesar disto tudo, o que o governo combinou com a troika ainda mais redução da despesa social. O governo cria as vítimas e deixa-as desamparadas. Nós não aceitamos isso”.
“Aumento do salário mínimo é conversa da treta”
O relatório, prosseguiu Semedo, também fala do salário mínimo nacional. E também para desmentir o governo. “O primeiro-ministro lembrou-se agora do salário mínimo nacional, porque é um bom tema de campanha. Mas o primeiro-ministro não pretende aumentar o salário mínimo nacional, pretende aumentar os votos do PSD e do CDS, e por isso fala nesse tema”. Mas o que está no acordo que o governo fez com a troika é que “Logo se verá se será possível aumentar um pouco. Por isso, também sobre o salário mínimo é tudo conversa da treta”, concluiu o coordenador do Bloco de Esquerda.
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