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“A crise potencia novos casos de toxicodependência e sobretudo recaídas"

João Semedo afirmou esta terça-feira temer que uma política de "contenção de custos" ponha em causa a boa resposta de Portugal nas últimas décadas ao problema da toxicodependência. O coordenador do Bloco criticou ainda o “paradoxo que o país vive no que que concerne à enfermagem: há falta de enfermeiros no SNS, no entanto há imensos enfermeiros no desemprego”.
Dr. Álvaro Pereira, diretor do Centro de Desabituação, João Semedo e Cecília Honório.

"A resposta que o país nas últimas décadas deu ao problema das drogas e a todas as problemáticas associadas à droga, nomeadamente a infeção VIH/Sida, são um modelo e um paradigma que tem sido muito elogiado no estrangeiro. E é bom lembrar isso num momento em que isso está a ser posto em causa por uma política que vise apenas a contenção de custos", alertou o coordenador do Bloco João Semedo.

O coordenador do Bloco falava em Olhão, no último dia das jornadas parlamentares no Algarve, depois de ter visitado uma unidade de desabituação de drogas.

Para Semedo, médico de profissão, a crise social que Portugal atravessa "potencia não apenas novos casos de toxicodependência mas sobretudo recaídas".

"É exigida uma maior resposta aos serviços de tratamento de toxicodependência. Apesar disso o Governo encetou uma estratégia de desarticulação do IDT - Instituto da Droga e da Toxicodependência", lamentou.

"No domínio da toxicodependência, a regra é simples: prevenir, prevenir, prevenir. Os erros que se cometem hoje vão-se pagar daqui a 20 anos com vidas", explicou.

O também deputado falava no dia em que o Bloco deu entrada na Assembleia da República de um projeto de resolução onde recomenda ao Governo diversas medidas relativas às dependências, "nomeadamente o alargamento da rede de troca de seringas, a criação de salas de consumo assistido e o reforço da prevenção".

O Bloco pede também a implementação de campanhas de esclarecimento e dissuasão de consumos e relembra que Portugal "tem vindo a ser recorrentemente apresentado como um exemplo a seguir no que diz respeito às políticas de intervenção na toxicodependência".

Ainda no campo da saúde, o apresentou esta terça-feira também um projeto de resolução onde recomenda ao Governo a contratação de enfermeiros para o Serviço Nacional de Saúde, defendendo que, por exemplo no Algarve, onde decorre o encontro dos deputados do Bloco, "estão em falta cerca de 350" profissionais.

"Vive-se em Portugal um paradoxo no que concerne à enfermagem: há falta de enfermeiros nas unidades do Serviço Nacional de Saúde, no entanto há imensos enfermeiros no desemprego, com baixos salários ou sujeitos a uma forte precarização laboral, fatores que concorrem para a decisão de muitos emigrarem", sublinha o Bloco no texto também hoje entregue no Parlamento.

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