You are here

Troika e Governo já destruíram 340 mil empregos

A CGTP fez as contas à evolução do emprego em Portugal desde a entrada da troika e a tomada de posse do Governo Passos Coelho/Paulo Portas.
Troika e Governo: Propaganda de 2013 sobre criação de emprego é desmentida pelos números. Foto Paulete Matos
Troika e Governo: Propaganda de 2013 sobre criação de emprego é desmentida pelos números. Foto Paulete Matos

Segundo o documento divulgado esta terça-feira pela central sindical, entre o 2º trimestre de 2011 e o 3º trimestre de 2013 foram destruídos 340 mil empregos em Portugal, o que corresponde a uma redução de 7%, passando de 4.895.000 em junho de 2011 para 4.554.000 em setembro de 2013.

A indústria e construção foram os setores mais atingido pela destruição de postos de trabalho, totalizando uma perda de 264 mil empregos, face a 43 nos serviços e 32 mil na agricultura e pescas. No grupo etário entre os 25 e os 34 anos, foram destruídos 198,5 mil empregos, anota ainda o documento.

"A destruição do emprego verificou-se quer porque não foram criados novos postos de trabalho por empresas existentes ou novas empresas, quer porque muitas empresas faliram e encerraram", explica a central sindical na sua análise, que se estende também ao aumento do desemprego desde a entrada da troika, calculado em 163,6 mil desempregados a mais neste período.

"Taxa real de desemprego e subemprego é de 25%"

Nas contas de Arménio Carlos, que apresentou o relatório aos jornalistas, o desemprego real atinge já quase um milhão e meio de pessoas em Portugal. "Se juntarmos o número de desencorajados (inativos disponíveis que deixaram de procurar emprego), de inativos indisponíveis e de subempregados a tempo parcial, o desemprego e o subemprego aumentaram 369 milhares neste período, passando de 1.062,7 mil para 1.432 mil no 3º trimestre de 2013, o que correspondia a uma taxa real de desemprego e subemprego de 25%", sublinha a CGTP, apontando o regresso da emigração em massa como consequência da quebra do emprego e aumento do desemprego em Portugal.

"É também a emigração, a par do cada vez maior desencorajamento na procura de emprego, que explicam que a taxa de desemprego e os níveis de desemprego não sejam superiores, uma vez que quer a população activa quer a taxa de actividade têm diminuído", assinala o documento.

Recuperação do emprego em 2013 "é uma farsa"

A CGTP divulga ainda que a taxa de cobertura dos desempregados por prestações de desemprego é de 46,4%, sendo de apenas 8,2% entre os menores de 25 anos e de 33,4% para o grupo dos 25 aos 34 anos, "precisamente aquele onde o emprego mais caiu".

Segundo as contas da central sindical, o aumento do emprego no segundo e terceiro trimestres de 2013 em relação aos primeiros três meses foi "centrado quase exclusivamente nos serviços", com um aumento de 108 mil empregos, enquanto na indústria e construção continuou a cair, "o que confirma a tendência de terciarização da economia". Mas se decompormos os números relativos a esse aumento do emprego nos serviços, verificamos que "mais de metade do crescimento do emprego ficou a dever-se à hotelaria e restauração, por um lado, e ao comércio por outro, actividades fortemente sujeitas à sazonalidade e com empregos precários e de salários baixos".

O estudo da CGTP faz notar que a esmagadora maioria do emprego criado nestes dois trimestres "foi de má qualidade, uma vez que apenas 29% correspondeu a emprego por conta de outrem com contrato permanente". A maioria destes empregos criados (60%) divide-se entre os trabalhadores por conta própria ("muitos dos quais serão falsos trabalhadores independentes ou com pequenos negócios sem sustentabilidade futura") e trabalhadores com contratos não permanentes, acrescenta o documento.

A central sindical critica ainda a aposta do governo em medidas de ocupação dos desempregados através de estágios e formação profissional ou os contratos emprego-inserção, considerando-as "uma forma de minimizar os impactos sociais do desemprego, mas também de subsidiar as empresas e outras entidades, que deveriam contratar trabalhadores com verdadeiros contratos de trabalho e salários dignos". No caso da administração pública, estes contratos estão ainda a servir para "preencher as necessidades laborais dos serviços públicos, que estão a ser desfalcados pelas medidas de redução do emprego público".

"Se existem postos de trabalho disponíveis, contratem-se os trabalhadores na devida forma, abram-se concursos para a administração pública, celebrem-se contratos de trabalho nas entidades privadas e concedam-se com condições de trabalho e de remuneração dignas", conclui a CGTP, exigindo também a integração imediata dos desempregados abrangidos por contratos emprego-inserção que estejam a ocupar postos de trabalho permanentes em instituições do sector social.

Arménio Carlos disse ainda que a CGTP irá denunciar estes abusos nos contratos emprego-inserção ao Provedor de Justiça, ao mesmo tempo que lança uma petição pelo alargamento do subsídio social de desemprego "a todos os trabalhadores em situação de desemprego que tenham esgotado o subsídio de desemprego e o subsídio social de desemprego, durante o período de crise", uma medida que pretende ver financiada através da  tributação dos rendimentos de capital.

Artigos relacionados: 

Termos relacionados Política
(...)