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PD e Berlusconi fabricaram um golpe de Estado em Itália

O líder do Partido Democrático chegou a acordo com Berlusconi para mudar a lei eleitoral de forma a reforçar o bipartidismo e diminuir a influência dos pequenos partidos.
Líder do Partido Democrata não hesitou em fazer a aliança com a ultradireita para mudar o sistema eleitoral italiano.
Líder do Partido Democrata não hesitou em fazer a aliança com a ultradireita para mudar o sistema eleitoral italiano.

O Partido Democrático (PD), a “esquerda” do espectro político italiano e o ultradireitista Silvio Berlusconi chegaram a um acordo para  reformar o sistema eleitoral italiano com o objetivo de instaurar o bipartidarismo e de fazer com que a constituição de governos deixe de “estar dependente dos pequenos partidos”.

A iniciativa partiu do atual chefe do PD, Matteo Renzi, presidente da Câmara de Florença e há seis semanas entronizado à cabeça do partido que atualmente governa Itália juntamente com a direita de Angelino Alfano, um dissidente do partido de Berlusconi.

Renzi recebeu Berlusconi na sede do PD em Roma e apesar de ser acusado, mesmo dentro do seu partido, “de ter ressuscitado um cadáver político”, aprovou com ele um projeto de lei eleitoral que, segundo disse, deixa de permitir “a chantagem dos pequenos partidos”. Berlusconi foi expulso do Senado depois de condenado por corrupção contra o Estado italiano através de fraudes fiscais.

O chefe do PD declarou publicamente, repetindo duas vezes a expressão, que encontrou “uma profunda sintonia” com o chefe da ultradireita e do restaurado Forza Italia. Aos críticos de dentro do seu partido respondeu: “O que queriam, que me reunisse com Dudu”? (um cão de uma namorada de Berlusconi).

Matteo Renzi explicou em traços gerais o projeto de lei eleitoral fabricado com a extrema direita, “para que os dois blocos não tenham de voltar a governar em conjunto”, como acontece agora. Quando um partido atinge 35% dos votos adquire imediatamente uma maioria de 53% no mínimo e de 55% no máximo. Se nenhum chegar aos 35% haverá uma segunda volta entre coligações formadas para garantir a maioria, à direita ou “à esquerda” tal como a pratica o PD.

As ideias eleitorais de Renzi e Berlusconi foram aprovadas no interior do PD, apesar de 111 votos contra congregados na figura do presidente (honorário) Gianni Cuperlo. O projeto eleitoral retira igualmente poderes ao Senado.

A imprensa italiana sublinha que embora o governo seja formado por uma aliança “esquerda”-direita de Letta e Alfano, quem manda atualmente na vida italiana é, de facto, a dupla Renzi-Berlusconi, que tomaram o poder em nome das instituições que chefiam – PD e Forza Italia.

O PD foi criado a partir da fusão dos antigos Partido Comunista e Partido Socialista, à imagem e semelhança do Partido Democrático norte-americano. Renzi chegou há mês e meio à cabeça da organização com o programa de afastar de vez as figuras mais antigas do país e estabelecer reformas que tornem o país “governável”.

Artigo publicado no portal do Bloco no Parlamento Europeu.

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