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Linha Saúde 24 põe em risco qualidade do serviço

Os trabalhadores da Linha Saúde 24, que atendem as chamadas e fazem a triagem dos sintomas dos utentes em dificuldades, estão a ser ameaçados com o fim do seu trabalho, caso recusem o corte salarial de 20% no salário e de 50% nas horas noturnas e extraordinárias. Ao todo serão “mais de 300 dos 400 enfermeiros que trabalham na Linha Saúde 24”, a maior parte a trabalhar ali há mais de dez anos a falso recibo verde, que arriscam o seu emprego.
A Comissão Informal de Comunicadores voltou este sábado a denunciar a situação, depois de ter sido constituída no momento em que a LCS – Linha de Cuidados de Saúde, concessionária da Linha Saúde 24 em processo de fusão com um consórcio Optimus e Teleperformance - “decidiu unilateralmente impor aos comunicadores uma redução salarial, agindo de forma coerciva”.
"Não queremos ser castigados e forçados a ficar mediante valores que não respeitam minimamente o nosso trabalho e o nosso empenho", disse à agência Lusa Tiago Pinheiro, membro da Comissão. Segundo o comunicado divulgado este sábado, as tentativas dos comunicadores para negociar os cortes salariais com a administração não tiveram resposta. Entretanto, “durante todo este tempo, a empresa tem vindo a aumentar a coacção individual, ameaçando com o despedimento e pressionando de modo manipulador, chantagista e diário”.
Para além disso, a concessionária também decidiu “penalizar todos os enfermeiros que não puderam comparecer no seu local de trabalho por motivos de doença/familiares nos dias de Natal, com uma acentuada suspensão de turnos no mês de Janeiro”, acrescenta a Comissão que representa estes enfermeiros.
Para substituir os enfermeiros que não aceitem trabalhar com salários entre os 4 e os 5 euros à hora, “a LCS/Optimus/Teleperformance iniciou já o processo de recrutamento e integração de novos colaboradores sem experiência na área específica da triagem telefónica de sintomas”, revela o comunicado, concluindo que “essa substituição coloca em causa a qualidade e a credibilidade do serviço”. Segundo afirmou Tiago Pinheiro à Lusa, um enfermeiro precisa em média de seis meses de formação para ficar autónomo para fazer o atendimento telefónico de qualidade.
Os trabalhadores da Linha Saúde 24 apelam à população “que esteja do seu lado quando está em causa a valorização do trabalho desenvolvida pela Saúde 24 e a garantia de um serviço de qualidade”, tendo já notificado o Governo, a Autoridade para as Condições de Trabalho, a Direção Geral de Saúde e os grupos parlamentares.
Bloco denunciou na AR "coação" sobre trabalhadores
No passado dia 11, o Bloco de Esquerda questionou os Ministérios da Saúde e do Emprego e Segurança Social sobre as ameaças feitas aos trabalhadores precários que exercem há anos as suas funções na linha Saíude 24. "De facto, é de coação que se trata uma vez que está a ser dito aos trabalhadores que, quem não aceitar a redução, será dispensado", referem os deputados João Semedo e Helena Pinto no requerimento apresentado no Parlamento.
"O Ministério da Saúde, que é a entidade responsável por esta linha de atendimento, não pode alhear-se das suas responsabilidades para com esta situação", consideram os deputados bloquistas, acrescentando que "esta linha presta um importantíssimo serviço público cuja qualidade tem que ser assegurada e tal não é possível sem que os direitos dos trabalhadores estejam assegurados também".
O Bloco requereu igualmente a divulgação do contrato de gestão assinado entre o Estado e a entidade gestora da Linha Saúde 24.
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