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Artista processado por usar cabeça do ditador Franco como saco de boxe

A Fundação Francisco Franco considera que a obra de Eugenio Merino é um "atentado ilegítimo à honra" do ditador espanhol. Merino afirma que esta reação demonstra que “ainda há um tabu em Espanha” e que “continuam a existir agentes políticos que defendem esta personagem".
Foto de PIERRE TEMBOURY.

Segundo a Fundação Franco, dedicada a preservar e disseminar a herança do ditador espanhol, a obra de Eugenio Merino constitui um "atentado ilegítimo à honra de um chefe de Estado, raiando o grotesco e o ultrajante".

"É de mau gosto, podia ser o pai dele ou o meu, na mesma situação e diríamos esmurra-lhe o nariz ou a cabeça", afirmou o vice-presidente da Fundação Franco, Jaime Alonso, em declarações à AFP. “É de uma mediocridade e de uma grosseria indigna de uma civilização", reforçou.

Já o advogado do artista plástico referiu que a queixa da Fundação Franco põe em causa o direito constitucionalmente consagrado à liberdade de expressão e criação artística, "demonstrando uma certa mania de perseguição interdita pelo nosso Direito, com evidente má fé".

"Pareceu-me bem pelos que foram reprimidos e que não obtiveram nada na justiça, terem este objeto para se desforrarem, como uma espécie de catarse", explicou, por sua vez, Eugenio Merino à AFP.

"Podes usá-la para descomprimir, porque não terás mais do que isso em Espanha", frisou.

Para Merino, o que as queixas provam é que continua a existir “um tabu em Espanha” e que “continuam a existir agentes políticos que defendem esta personagem".

Esta não é a primeira vez que Eugenio Merino utiliza a imagem do ditador espanhol nas suas criações artísticas. A Fundação Franco já tinha, inclusive, apresentado outra queixa contra o artista por este ter exposto Franco dentro de um frigorífico. A obra, exibida na feira de arte contemporânea de Madrid, ARCO, em 2012, não foi, contudo, censurada pelo tribunal.

No verão de 2013, a juíza Rocío Nieto Centeno concluiu que a obra "não altera a reputação ou a memória da personagem histórica mas constitui uma obra crítica que apela à reflexão".

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