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Saúde: ARS Lisboa paga 400 mil à Deloitte por inventário

O Ministério da Saúde confirmou as suspeitas levantadas pelo Bloco de Esquerda: em vez de usar meios próprios para fazer o inventário, como fizeram as restantes, a Administração Regional de Saúde de Lisboa contratou uma consultora privada a peso de ouro.
Mais de dois anos depois de adjudicado o serviço, a empresa da Deloitte ainda não entregou o inventário da ARS Lisboa, orçado em 400 mil euros. Foto Paulete Matos

O Bloco tinha insistido desde setembro para obter resposta de Paulo Macedo sobre a natureza e o montante envolvido no contrato assinado entre a Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e a empresa de consultadoria privada. A resposta chega agora e é divulgada na edição desta quinta-feira do jornal Público: a ARS Lisboa vai pagar cerca de 400 mil euros (338.750 euros mais IVA) por um serviço que está a ser feito nas restantes ARS do país recorrendo aos seus próprios serviços. 

A empresa contemplada é a SGG - Serviços Gerais de Gestão, SA, associada da Deloitte, tendo o contrato sido adjudicado em setembro de 2011. Apesar da decisão ser anterior à atual administração, o presidente da ARS Lisboa diz que o valor não é assim tão alto, tendo em conta a “complexidade” do serviço. A verdade é que dois anos depois de adjudicado, o serviço ainda não foi concluído pela empresa. 

O Ministério da Saúde confirma que a ARS do Norte tem feito o inventário dos seus bens “pelos seus próprios meios”, na ARS do Centro “não há qualquer procedimento para contratação externa” e na do Alentejo o inventário tem sido atualizado ao longo do tempo, enquanto que no Algarve a tarefa foi confiada a “uma equipa interna de funcionários”.

Para o Bloco de Esquerda, a entrega do inventário a uma empresa do universo Deloitte - “conhecida por efetuar auditorias financeiras e não tanto por se dedicar a contar economato” - pode justificar-se pela “preparação de terreno para entrega da gestão dos Centros de Saúde do SNS a entidades do setor social ou a sua transformação em entidades públicas empresariais (EPE)”. Na resposta agora divulgada, o ministério de Paulo Macedo garante que “o objetivo desta ação não é privatizar”. Também Luís Cunha Ribeiro, o atual presidente da ARS Lisboa, declarou ao Público que “não queremos privatizar nada” e que são “absurdas” as suspeitas que apontam nesse sentido.

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