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Protestos em Bruxelas recebem “cimeira militar” da União Europeia

Os chefes de Estado e de governo da União Europeia reúnem-se em Bruxelas num ambiente de protesto nas ruas fazendo-lhes lembrar a existência da crise económica apesar de terem decidido dedicar os seus trabalhos ao reforço da militarização do continente e ao apoio à indústria do armamento.
Barricada no acesso ao bairro europeu de Bruxelas. Foto de Julien Warnand-EPA

Ativistas de numerosos sectores da sociedade belga – estudantes, sindicalistas, agricultores, feministas, membros de associações de direitos humanos – desenvolveram desde a madrugada um intenso movimento de bloqueio ao bairro europeu, e não à cidade de Bruxelas, ação de que têm sido acusados, protestando contra a austeridade e “a colocação da União Europeia ao serviço dos lóbis da banca e do armamento”.

A agenda da cimeira que encerra a presidência lituana, e que coincide com o agravamento da instabilidade precisamente no Leste da Europa, privilegia a questão do aprofundamento das relações e da integração entre a União Europeia e a NATO, com especial atenção ao desenvolvimento da indústria de armamento, considerado por alguns estadistas do continente como um meio de combater a crise e criar emprego. Depois de um ataque contra os direitos laborais e sociais em todo o espaço da União, criando vastos movimentos de protesto e descontentamento, os chefes de Estado e de governo parecem pretender advertir os cidadãos de que uma das principais respostas à crise será a militarização e uma presença mais evidente e ativa da Nato. Esta entidade proferiu há dias uma pouco habitual declaração na qual se manifestou inquieta com “a violência na Ucrânia”.

A eurodeputada Maria Matias, eleita pelo Bloco de Esquerda, denunciou essa opção de agenda durante uma intervenção proferida durante a recente sessão plenária do Parlamento Europeu em Estrasburgo (vídeo).

Gabi Zimmer, eurodeputada alemã que preside ao grupo da Esquerda Unitária (GUE/NGL), proferiu uma declaração antes da cimeira exigindo o fim da expansão das capacidades militares da União Europeia.

“Os dirigentes europeus reúnem-se em Bruxelas, mas em vez de falarem das soluções reais de que a Europa necessita discutem as maneiras de investir ainda mais dinheiro em armamento, para delícia dos lóbis do sector”, disse. “Os cidadãos não precisam de mais armamentos”, salientou Zimmer. “Do que necessitam é de mais proteção social, melhor acesso aos serviços sociais e trabalho decente através de investimentos em infraestruturas e educação”.

Segundo a presidente do GUE/NGL, esta cimeira é mais “uma oportunidade perdida”. “Em vez de usarem a reunião para desenvolver uma visão da União Europeia pelo desarmamento através do mundo, aproveitam-na para discutir a ampliação da sua presença militar, ao serviço dos interesses económicos. Isto não me parece uma agenda adequada para uma União Europeia que supostamente deveria ser séria quando fala de paz”.

A propósito dos recentes “planos de coordenação da política económica” defendidos pelo Conselho Europeu, Gabi Zimmer declarou-se “frontalmente contra esses arranjos contratuais entre Estados membros e a Comissão e o Conselho”. Esses memorandos ditos “voluntários”, acrescentou a presidente do GUE/NGL, servem apenas para lançar os Estados membros com dificuldades uns contra os outros.

Notícia publicada no site do Grupo Parlamentar europeu do Bloco de Esquerda

UE: resposta à crise? Mais armamento! - Marisa Matias 2013/12/11

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