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Tratamento de imigrantes em Lampedusa recorda campos de concentração
As imagens mostram estrangeiros nus, apesar do frio, sob os olhos de todos, passando por um processo de desinfeção contra a sarna. O "tratamento" é aplicado por funcionários que espalham o desinfetante pelo corpo da pessoa por meio de uma mangueira. A gravação foi feita com o telemóvel de um dos moradores locais.
O vídeo, feito no centro de acolhimento de Lampedusa, foi divulgado pelo canal Tg2 de Itália na noite de segunda-feira e causou indignação e polémica em todo o país.
Segundo um homem que comenta o vídeo, identificado como Khalid, entre os que foram submetidos a essa operação estão sírios, ganeses, nigerianos, curdos, eritreus e até sobreviventes do naufrágio de 3 de outubro no mar Mediterrâneo, que deixou 366 mortos. Acrescentou ainda que os imigrantes são tratados "como animais". As imagens foram gravadas no dia 13 de dezembro mas, segundo os imigrantes, a desinfeção acontece todas as semanas.
Campo de concentração
“Estas imagens recordam-me um campo de concentração”, disse a presidente da câmara de Lampedusa. Giusi Nicolini, conhecida por lutar pelos direitos dos imigrantes. “Demonstram que esta forma de acolhimento, de que Lampedusa e Itália se envergonham, tem de mudar. Não esperava ver isto apenas dois meses depois de um naufrágio que provocou lágrimas e promessas”, sublinhou a autarca.
O primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, disse que o governo vai fazer “uma investigação profunda” e que os responsáveis serão punidos.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) pediu soluções urgentes para melhorar o padrão de acolhimento em Lampedusa, enquanto a ONG Save the Children disse que as condições enfrentadas pelos estrangeiros no local são "indignas" e que o procedimento de desinfeção é "absolutamente inaceitável".
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