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Casino da Póvoa: para despedir o “Estado paga”

Os trabalhadores do Casino da Póvoa manifestaram-se esta segunda-feira em frente à Inspeção do Jogo e Turismo de Portugal, em Lisboa, exigindo a suspensão do processo de despedimento coletivo e o cumprimento da lei, nomeadamente quanto ao branqueamento de capitais.
Catarina Martins com os trabalhadores do Casino da Póvoa em frente à Assembleia da República

Os manifestantes vestiram-se com t-shirts pretas, com símbolos dos naipes de cartas impressos e contando palavras de ordem como “Estoril Sol lucro sobe 800%” e “12 milhões para despedir, o Estado paga”.

Francisco Figueiredo, representante do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Restaurantes e Similares do Norte, disse aos jornalistas que a Inspeção de Jogos tem de “cumprir e fazer cumprir a lei”.

A Inspeção “não pode estar de olhos vendados” e autorizar que os casinos se “transformem em centros de lavagem de dinheiro de origem ilícita”, afirmou.

Para o sindicalista, “não se pode aceitar que um cliente entre num casino com um saco de dinheiro às costas, que não se sabe a origem e saia de lá com dinheiro limpo”.

Sobre o despedimento coletivo de 21 trabalhadores do Casino da Póvoa, o sindicalista acusou a empresa de querer “reduzir ao mínimo os caixas”.

“Não havendo caixas, não é possível identificar os clientes e não é possível cumprir a lei de branqueamento de capitais”, disse.

Além da Inspeção de Jogos, os trabalhadores deslocaram-se esta segunda-feira à Assembleia da República e à sede do grupo Estoril Sol, que detém o Casino da Póvoa, para exigiram um “quadro de pessoal adequado para que represente uma oferta turística de qualidade”.

Reconhecendo a quebra de lucros de 21,5% no casino em três anos, Francisco Figueiredo explicou que os requisitos para um despedimento coletivo passam por “falta de culpa do empregador e do empregado”.

“[A empresa] reduziu os espetáculos, o serviço de bar e dos restaurantes ou subcontratou-os, reduzindo a qualidade e a quantidade”, notou o sindicalista, acrescentando que o casino reduziu os funcionários em 24,5%.

O sindicalista afirmou, ainda, que a empresa fez obras no valor de 12 milhões de euros, dos quais seis milhões “pagos pelo Estado, descontados nas contrapartidas da concessão”.

“Com esta política, o Casino da Póvoa vai transformar-se num armazém de máquinas automáticas”, resumiu, o representante do STIHRSN, informando que o estabelecimento já teve “mais de 600 trabalhadores, atualmente tem 244 e com este despedimento fica em 220”.

Depois de terminada a negociação há mais de um mês, “agora a empresa está em condições de decidir a qualquer momento” o despedimento coletivo, concluiu.

Um dos funcionários abrangidos pelo processo é Luís Silva, caixa fixo na sala de máquinas e membro da comissão de trabalhadores.

“Todo este processo nasce de um plano da empresa, que já começou há dois/três anos atrás e que visa retirar do casino, todos os representantes dos trabalhadores e os elementos, que a empresa considera, os indesejáveis”, avançou à agência Lusa.

Luís Silva indicou que dos 21 trabalhadores abrangidos pelo processo, “20 estão sindicalizados”, “três são representantes dos trabalhadores” e “três são dirigentes sindicais e um delegado sindical”.

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