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João Granjo, um caso de iliteracia!

A leitura enviesada que o Secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário fez do relatório do PISA e a notória incapacidade de dele tirar as devidas ilações demonstram que estamos perante um caso de iliteracia na área da Educação!

De três em três anos a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) avalia o estado da literacia dos alunos de 15 anos, em três áreas-chave, a matemática, a leitura e as ciências.

Da leitura do relatório do PISA de 2012 agora publicado resultam, desde logo, algumas evidências que deveriam merecer uma análise aprofundada pelo Ministério da Educação:

- a progressão dos resultados obtidos em Portugal desde 2006 e a estagnação verificada nos últimos anos, período de governação PSD/CDS, em que a ofensiva contra a Escola Pública se intensificou;

- a marca social do insucesso que atinge, sobretudo, os alunos com famílias de nível social, cultural e económico mais baixo;

- o modelo que muitos defendem, o “chumbo” como fonte de aprendizagem e sucesso, não funciona. Ao contrário, o insucesso reproduz-se;

- o desaire de políticas educativas que apostaram no cheque ensino, como é o caso da Suécia, modelo de Crato, onde se registou uma das mais acentuadas quedas no ranking e cujos resultados ficaram abaixo dos alcançados por Portugal.

Mas João Granjo, Secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário, não soube ler o relatório da OCDE e, referindo-se à estagnação ou baixa de resultados, escamoteando o facto de se terem verificado durante a governação PSD/CDS, conclui que “não podemos correr o risco da estagnação, é necessário progredir”, e, pasme-se, acrescenta que os resultados obtidos “reforçam e justificam a necessidade das medidas que têm sido tomadas, visando promover a melhoria da qualidade da educação a todos os níveis.”

Considerará João Granjo que alguém no seu perfeito juízo acredita que medidas como a drástica diminuição das dotações orçamentais para a educação, o despedimento e a precariedade laboral de dezenas de milhar de docentes, a desvalorização das competências e trabalho desenvolvido por milhares professores contratados, o aumento de alunos por turma, a diminuição de apoios sociais, nada têm a ver com a estagnação/baixa dos resultados, devendo, ao contrário, ser reforçadas, para garantir a progressão de resultados no PISA.

A leitura enviesada que o Secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário fez do relatório do PISA e a notória incapacidade de dele tirar as devidas ilações demonstram que estamos perante um caso de iliteracia na área da Educação!

Sobre o/a autor(a)

Dirigente do Bloco de Esquerda. Professora.
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