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Base das Lajes: Vamos falar verdade!

O que se está a passar na Base das Lajes é o resultado da nova ‘arrumação’ de forças, a nível mundial.

Quando há uns anos, na Dinamarca, se realizou uma das Conferências da ONU sobre as alterações climáticas, houve uma imagem que patenteou a realidade do mundo atual: no meio da Conferência, reuniram-se, à porta fechada, os presidentes dos Estados Unidos da América e da China.

Desta reunião saiu a decisão destas potências nada fazerem de substancial, para atacar o problema da emissão dos gases estufa.

A Conferência, por via da posição destes países, foi um malogro e uma desilusão para todos aqueles/as que querem defender o planeta.

Nesta reunião, não teve sequer entrada a União Europeia, nem sequer Durão Barroso, seu chefe e com experiência em servir chá a tão ilustres personalidades.

Ora, esta reunião tem um significado profundo: o centro económico, político e militar é, hoje, o Pacífico e não o Atlântico.

Se recuarmos a 2006 - com a celebração, pela NATO, do seu novo conceito estratégico -, vemos, claramente, o desinvestimento no Atlântico, por parte dos Estados Unidos.

O que se está a passar na Base das Lajes é o resultado desta nova ‘arrumação’ de forças, a nível mundial.

Temos assistido, ao longo dos anos, à diminuição, quer de trabalhadores portugueses, quer de efetivos militares, diminuição que culminou no anúncio do ‘adormecimento’ da Base, com o consequente despedimento de centenas de portugueses.

Seja de um golpe só, seja de uma forma continuada, o ‘adormecimento’ da Base será uma realidade.

Perante ela, o Governo da República, submisso (como sempre) à potência norte-americana - não nos esqueçamos que Paulo Portas até chegou a ver provas, que não existiam, das armas de destruição massiva, no Iraque! -, faz de conta que negoceia com a administração Obama.

As indefinições e imprecisões dos ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros, como resposta a uma delegação de deputados/as da ALRA, provam isso mesmo.

Estamos, pois, perante uma grande fantochada para Açoriano/a ver. O Presidente do Governo Regional mostra a sua estranheza pelas medidas tomadas, em Agosto, pelas autoridades americanas. E, agora, Duarte Freitas vai de visita aos ‘states’, numa manobra de promoção pessoal. O certo é que ninguém assume o que é devido para a defesa da Terceira e dos Açores.

Já o disse e está na hora de o reafirmar: é urgente estabelecer uma moratória para a saída da Base; exigir indemnizações maximizadas para os trabalhadores despedidos, assim como subsídio de desemprego, com prazo alargado; considerar a ilha Terceira território em profunda depressão económica e, consequentemente, alvo de apoios especiais do Governo da República, assim como exigir dos norte-americanos medidas concretas de apoio financeiro à ilha e reparação total e imediata da profunda pegada ambiental de que são responsáveis.

A par disto, lançar de imediato os estudos para a reconversão da Base, num centro de negócios de apoio à aviação civil, de forma a transformar este ‘peso morto’ numa alavanca do futuro da Terceira e dos Açores.

A tragédia está anunciada. Continuar o caminho de esconder e dissimular, para agradar aos “Senhores”, não é servir os Açores, é hipotecar o seu futuro.

Sobre o/a autor(a)

Dirigente do Bloco de Esquerda. Deputada à Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, entre 2008 e 2018.
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