Cavaco também se esqueceu que foi acionista da SLN

17 de October 2013 - 16:53

O Presidente da República divulgou esta quinta-feira um comunicado em resposta às declarações de Mário Soares, afirmando que a única relação que teve com o BPN e as suas empresas foi "a de depositante para aplicação de poupanças". Mas Cavaco Silva deteve mais de 105 mil ações da SLN, vendidas em 2003 a Oliveira e Costa com 140% de valorização.

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Depois de ter ganho 140% em dois anos com ações da SLN, Cavaco diz que foi apenas um mero depositante do banco de Oliveira e Costa.

Depois do ministro dos Negócios Estrangeiros ter sido apanhado a mentir numa carta aos deputados, em que negava ter sido acionista da Sociedade Lusa de Negócios quando foi detentor de milhares de ações da empresa, desta vez foi Cavaco Silva a "esquecer-se" do seu passado acionista da sociedade presidida por Oliveira e Costa. Em 2001, Cavaco e a filha adquiriram 255.018 ações da SLN ao preço unitário de um euro, cabendo 105.378 ações ao atual Presidente da República. 

Os títulos da SLN não estavam cotados em bolsa e era o presidente da empresa que definia o valor de compra e venda de cada ação, o que motivou excelentes negócios para o seu círculo próximo, conseguindo uma valorização inexplicável face à evolução do mercado. A 17 de novembro de 2003, dois anos depois da compra, Cavaco solicitou a Oliveira e Costa para que procedesse à venda das ações, tendo a sua filha formalizado idêntico pedido. O ex-secretário de Estado de Cavaco Silva procedeu à recompra das ações pelo valor de 2,4 euros, ou seja, uma valorização de 140% pelos dois anos de investimento. 

Esta quinta-feira, em resposta às declarações de Mário Soares, que questionou na véspera porque não tinha Cavaco Silva sido julgado pelo caso BPN, o Presidente da República enviou um comunicado à agência Lusa dizendo que Soares "devia saber que esclareci, em devido tempo, que nunca tive qualquer relação com o BPN ou com as suas empresas, a não ser a de depositante para aplicação de poupanças, quando era professor universitário".

Ora, no único esclarecimento dado em 2008 pelo próprio Cavaco Silva, o Presidente tentou fazer crer que a decisão de comprar títulos da SLN - que não estavam cotados em bolsa - não teria sido sua, mas do banco que geria a sua conta. No entanto, a divulgação de documentos assinados por si e dirigidos a Oliveira e Costa, solicitando a compra e a venda das ações - e o facto da sua filha o ter seguido nessas operações, aproveitando as vantagens oferecidas pelo dono do BPN - acaba por retirar o crédito a essa versão.