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José Eduardo dos Santos anuncia fim de parceria estratégica com Portugal
A tentativa incessante por parte do governo PSD/CDS-PP no sentido de agradar o governo angolano, sobre o qual recaem inúmeras acusações de corrupção e violação dos direitos humanos, parece ainda não ser suficiente para satisfazer José Eduardo dos Santos.
Nem o pedido de desculpas do ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, a Angola, por existirem figuras do regime sob investigação pela justiça portuguesa, e nem mesmo a nomeação para funções de diplomacia económica no governo de Passos Coelho, na área das “relações com países lusófonos”, de Paulo Pereira Coelho, administrador do grupo angolano Finertec, e ex-deputado e ex-governante do PSD, impediram José Eduardo dos Santos de anunciar o fim da parceria estratégica com Portugal.
"Só com Portugal, as coisas não estão bem. Têm surgido incompreensões ao nível da cúpula e o clima político atual, reinante nessa relação, não aconselha à construção da parceria estratégica antes anunciada", afirmou José Eduardo Santos.
Este anúncio surge após a publicação, pelo Jornal de Angola, de um conjunto de editoriais sobre as relações lusa-angolanas nos quais é referido que existe uma "campanha contra Angola” que “partiu do poder ao mais alto nível", na sequência da abertura de inquéritos na Procuradoria-Geral da República portuguesa visando figuras próximas do presidente angolano.
Em fevereiro, o então ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Portas anunciou, à saída de um encontro com José Eduardo dos Santos, em que participou também o ministro das Relações Exteriores angolano, Georges Chicoti, a realização, em 2013, da primeira cimeira bilateral em Luanda, onde seriam apresentados “avanços concretos na cooperação dos dois países”.
À época, o ministro das Relações Exteriores angolano garantiu que Angola estava interessada no programa de privatização de empresas portuguesas, e estava a preparar-se para comprar.
Após o anúncio de José Eduardo dos Santos sobre o fim da parceria estratégica, Georges Chicoti, citado pela agência Angop, alertou que Portugal deve esforçar-se para melhorar as relações com Angola.
Governo reitera a importância do bom relacionamento entre Portugal e Angola
"O Governo português tem defendido e praticado uma consistente atividade visando o estreitamento da relação especial com o Governo angolano. De facto, os laços particulares que unem os dois povos e as duas nações mais do que justificam essa prioridade da política externa portuguesa", lê-se num comunicado do executivo PSD/CDS-PP divulgado esta terça feira pelo gabinete de Pedro Passos Coelho.
"Até por isto, e apesar da surpresa com que escutou as referências feitas hoje pelo senhor Presidente José Eduardo dos Santos à situação da relação entre os nossos dois países, o Governo reitera a importância que tem atribuído e continua a atribuir ao bom relacionamento entre Portugal e Angola e ao alcance estratégico para angolanos e portugueses desse bom relacionamento aos mais diversos níveis", refere o documento.
“Quem não se dá ao respeito não é respeitado”
Segundo o líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, o ditado popular “Quem não se dá ao respeito não é respeitado” é “factual e verdadeiro neste contexto, porque Portugal não se deu ao respeito porque não soube dizer que é um Estado de Direito e que deve ser respeitado como tal”.
“E, ao não se dar a esse respeito, é agora, na prática, pressionado e novamente desrespeitado pelo regime angolano”, frisou o dirigente bloquista.
Lembrando que “o Governo dizia que queria manter o ministro Rui Machete devido às relações com Angola”, Pedro Filipe Soares defendeu que “agora [o executivo] já não tem argumentação nenhuma para manter este ministro, antes pelo contrário”.
“Se há conclusão que devemos tirar é que é a desastrosa condução de todo este processo que está também a ser agora colocada sobre o crivo da crítica”, avançou o líder parlamentar do Bloco.
Pedro Filipe Soares reforçou que o anúncio de José Eduardo dos Santos é um “desrespeito sobre um Estado de Direito que é Portugal” e constitui “uma pressão sobre aquela que é a nossa perspetiva de separação de poderes”.
“A lei é para todos, todos devem cumprir a lei”, frisou.
Comments
Mais vale praticar a 'etica
Mais vale praticar a 'etica do que lidar com dinheiro criminoso e ensanguentado! Os amigos quando sao amigos, aparecem e nao precisam de riquezas. A maior riqueza e' ter a consciencia limpa de que nao fomos comprados!!
Ah pois É!
Ah pois É!
Já foi dito que nem sequer
Já foi dito que nem sequer investem nada. Só compram coisas que já existiam. Fosse como fosse, podem ir embora, mas ainda por cima nem investem nada.
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