João Camargo

João Camargo

Investigador em Alterações Climáticas. Escreve com a grafia anterior ao acordo ortográfico de 1990

A insanidade é achar que se pode resolver a questão das alterações climáticas com os truques contabilísticos com que se manipulam orçamentos, défices e dívidas.

Esta ênfase dada à área de eucalipto ardido ter sido menor do que a de pinheiro-bravo é nova, já que o eucalipto foi a espécie que mais ardeu por área em 2016, 2015, 2014, 2011 e 2006, andando emparelhada em área ardida com o pinheiro-bravo há cerca de uma década e meia.

A guerrilha empresarial será feita, como até agora, atrás de portas fechadas, em reuniões privadas e com telefonemas pessoais.

Então não é que a SAIPEM, empresa contratada para fazer o furo, recebeu, entre 2010 e 2016, mais de 201 milhões de euros em benefícios fiscais no offshore da Madeira?

A limpeza cosmética da espuma, ordenada pelo Governo, serve para muito pouco se o que causou a mortandade se mantiver a funcionar.

A política pública deste Governo sobre temáticas ambientais ocorre na fronteira entre a cosmética e propaganda.

Entre o oportunismo político e a força da indústria petrolífera, as ações necessárias estão longe de ser atingidas.

As notícias que nos chegam do clima, ao contrário das notícias sobre a cimeira, não são banais.

Travar todos os projectos de petróleo, gás e carvão é hoje um imperativo para poder haver futuro.

Será já dia 24 de Outubro que o Parlamento português votará uma moção de censura proposta pelo CDS-PP liderado por Assunção Cristas. As grandes responsabilidades de Cristas em matéria florestal tornam este pedido de queda do governo numa espécie de paródia de regime.