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Itália enfrenta nova crise política

Os ministros de Silvio Berlusconi pediram a demissão em bloco, colocando o governo liderado pelo democrata Enrico Letta à beira da implosão. Em causa está a votação da perda de mandato de Berlusconi por ter sido condenado definitivamente por fraude fiscal. Por seu turno, o chefe do governo italiano anunciou um voto de confiança no Parlamento. Artigo publicado no portal Opera Mundi.
Os ministros Povo da Liberdade, partido do ex-primeiro-ministro Berlusconi, renunciaram no sábado aos seus cargos, gerando uma nova crise governamental que o primeiro-ministro considerou de um "gesto louco e irresponsável".

O chefe de governo italiano, Enrico Letta, anunciou no passado domingo que pedirá um voto de confiança no Parlamento do país na próxima quarta-feira, depois do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi ter pedido a renúncia em bloco dos ministros do seu partido.

"Pedirei a confiança do Senado e da Câmara de Deputados. Se não a obtiver, tirarei as minhas conclusões", afirmou Letta em entrevista à televisão pública italiana.

Os ministros Povo da Liberdade, partido do ex-primeiro-ministro Berlusconi, renunciaram no sábado aos seus cargos, gerando uma nova crise governamental que o primeiro-ministro considerou de um "gesto louco e irresponsável".
 

Os ministros consideram “inaceitável e inadmissível” o ultimato de Letta, disse no sábado um porta-voz do vice-primeiro-ministro italiano, Angelino Alfano, secretário do PdL.

Na sexta-feira passada, Letta, farto das ameaças dos deputados do partido do 'Cavaliere', que há dias ameaçavam renunciar se o Senado retirasse o mandato de Berlusconi pela sua condenação definitiva de fraude, exigiu "obter um esclarecimento político (...) no Parlamento entre as forças da maioria" de centro-esquerda e centro-direita, segundo o comunicado.

"Não estou disposto a continuar sem este esclarecimento (...) Ou colocamos o país e o interesse dos seus cidadãos à frente ou paramos esta experiência", alertou Letta, que há cinco meses dirige um governo de coligação de bloco central.

Na próxima sexta-feira, uma comissão do Senado votará se Berlusconi mantém ou perde o seu mandato.

Segundo o PdL, este voto é fruto de um esquema de uma esquerda decidida a acabar com a carreira de Berlusconi, que foi condenado no dia 1 de agosto de forma definitiva a uma pena de prisão de quatro anos (reduzida a um) por fraude fiscal.

O magnata das comunicações, de 77 anos, que governou Itália durante 12 dos últimos 19 anos, escolheu cumprir sua condenação em sua casa de Roma ao invés de fazer trabalho comunitário.

A ameaça dos deputados de Berlusconi de renunciar, o que poderia causar uma crise de governo, gerou duras reações do presidente da República, Giorgio Napolitano, já que o país também poderia ser paralisado, porque ainda não foram aprovados os orçamentos, chave para reativar uma economia em recessão há quase dois anos.

Napolitano, o único que pode dissolver o Parlamento e que aceitou permanecer no cargo para garantir o acordo político, pediu aos seguidores de Berlusconi que "respeitem o veredito" da justiça.

A partir de agora, os jogos políticos estão abertos: Letta pode tentar formar um segundo governo contando com o apoio da esquerda de Vendolla. Parece improvável o retorno dos ministros do PdL.

Os mercados podem reagir negativamente à evolução da terceira economia da zona do euro, que tem dificuldades para sair da crise. A maioria que apoia o futuro governo pode ser reduzida, orientada mais à esquerda, o que pode reduzir sua margem de ação numa grande coligação.

 

Artigo publicado no portal Opera Mundi

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