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E tu, já votaste hoje?

Estas eleições são as primeiras eleições na época da troika, e por isso hoje não vamos apenas votar para a nossa Câmara, Assembleia Municipal ou Junta de Freguesia, vamos também votar pela estagnação ou pelo progresso.

De 4 em 4 anos os portugueses são chamados a participar nas eleições autárquicas, nas eleições de maior proximidade com o eleitor, naquelas onde se decide o futuro da rua, da escola do filho, do jardim da cidade ou do posto de correio na junta de freguesia… E por duas semanas as cidades enchem-se de cartazes, lonas e bandeiras, de discotecas ambulantes e de buzinadelas, muitas buzinadelas. As pessoas saem à rua, procuram o porco no espeto, o cantor pimba mais popular e quem oferece mais canetas, fitas e bonés. As ruas enchem-se, apertam-se mãos, fazem-se promessas, e tudo termina 24 horas antes da abertura das urnas com um grande cortejo pela cidade, em jeito de marchas populares.

O problema surge 24 horas depois, quando as urnas abrem e a afluência não é a mesma que a do porco no espeto, e de um momento para o outro a cidade esquece que o futuro se decide ali. Uns alegam a revolta, outro o desprezo, outros a falta de tempo, outros não alegam nada, no entanto para todos os que alegam e não alegam a verdade é uma, nos últimos anos tem sido a abstenção a eleger quem nos governa, tem sido a abstenção a pôr a direita no comando do país.

Não votar apenas contribui para isso, para que a direita continue a descartar direitos dos trabalhadores, continue a atacar a escola pública e a privatizar o estado social. Não votar não é revolta, revolta é não votar nos mesmos de sempre, e rapidamente ouvimos a reposta do costume: “mas eles são todos os iguais”, e de facto são, de facto a única governação que conhecemos, a dos três partidos que passaram pelo arco governativo, é toda igual, porque foram eles que assinaram o memorando da troika e são eles os responsáveis por este ciclo de empobrecimento e desemprego que se espalha um pouco por todo o país.

Estas eleições têm essa peculiaridade, são as primeiras eleições na época da Troika, e por isso hoje não vamos apenas votar para a nossa Câmara Municipal, Assembleia Municipal ou Junta de Freguesia, hoje vamos também votar a favor da troika ou contra a troika, vamos votar pela estagnação ou pelo progresso.

O dia de eleições é o único dia do ano em que todos valemos o mesmo, não interessa a classe social, o género, a orientação sexual, cada voto vale o mesmo e cada voto é importante para derrotar o desemprego, a pobreza e a exclusão social. Com tanto em jogo é caso para dizer: E tu, já votaste hoje?

Sobre o/a autor(a)

Estudante universitário na UTAD
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