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Grécia: polícia investigada por ligações aos neonazis

Esta semana realizaram-se várias rusgas em esquadras nos subúrbios de Atenas, numa investigação sobre as ligações estreitas entre a polícia grega e os neonazis da Aurora Dourada. Dois altos responsáveis policiais já pediram a demissão e outros 12 foram suspensos ou retirados das suas funções.
Ligações entre polícia e neonazis gregos começam a ser investigadas. Foto George Laoutaris/Flickr

A proximidade entre a polícia grega e os neonazis da Aurora Dourada é há muito conhecida e até deu origem a uma grade reportagem no diário inglês The Guardian. A maioria das agressões dos neonazis contra os imigrantes ficam impunes e muitas vezes os agentes recusam-se a receber as queixas apresentadas pelas vítimas, o mesmo acontecendo aos casos de extorsão de membros da Aurora Dourada sobre os comerciantes na feiras, a maior parte imigrantes.

Mas o assassinato do rapper antifascista Pavlos Fyssas na semana passada parece ter finalmente despertado as autoridades gregas para este fenómeno que está a corroer a polícia por dentro. Logo nessa noite, vários elementos do partido neonazi foram filmados (ver vídeo) a atirar pedras aos manifestantes antifascistas ao lado da polícia de choque, que os protegia e nada fazia para impedir os ataques.

Segundo o portal Ekathimerini,  a investigação a esta morte já reuniu provas de que o assassinato de Fyssas foi preparado, com cerca de 50 neonazis a serem chamados ao local minutos antes através de sms e telefonemas por parte de alguns dos atacantes identificados. Alguns ex-militantes da Aurora Dourada confirmaram à imprensa que existe uma cadeia de comando rígida no partido, envolvendo dirigentes locais e deputados, pelos quais passa a luz verde a este tipo de ataques. Segundo o blogue Keep Talking Greece, estes ex-militantes também denunciaram que os "esquadrões de assalto" neonazis são treinados por militares gregos no ativo e na reforma, enquanto a polícia os protege e avisa da iminência de rusgas.

A justiça grega está agora a tentar reunir provas que possam servir classificar a Aurora Dourada como uma associação criminosa, a partir de 33 casos de ataques como o que vitimou Fyssas em Atenas, o que há poucas semanas feriu gravemente nove militantes comunistas em Perama, os que tiveram como alvo militantes do Syriza e imigrantes ou o da apreensão de armas junto a uma das sedes do partido neonazi em Salónica no passado sábado.

Sindicalistas da polícia denunciaram "tolerância" com os neonazis

O líder da Ferederação dos polícias gregos (POASY) afirmou à televisão Skai que "nos últimos três anos houve muitos casos em que os nossos colegas demonstraram tolerância face aos atos de violência dos membros da Aurora Dourada". Christos Fotopoulos acrescentou que o seu sindicato denunciou estes casos junto das chefias e do Ministério Público, mas nada foi feito na sequência das denúncias. 

Esta semana, dois altos responsáveis da polícia grega apresentaram a demissão e outros quatro foram suspensos, enquanto  oito responsáveis foram substituídos nas suas funções na corporação policial. Segundo o Ekathimerini, entre eles estão os chefes dos departamentos de forças especiais, da segurança interna, crime organizado e unidade de explosivos, polícia motorizada e unidade antimotim de Keratsini, no sudoeste de Atenas, perto do local onde o rapper foi assassinado e se deram as manifestações em que essa unidade marchou lado a lado com os neonazis.

Police and plainclothes thugs attack antifascists in Athens

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