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Alemanha: Merkel vence as eleições e Die Linke é terceira força política

Exaltação e desilusão marcaram a noite eleitoral da coligação governativa preta e amarela: enquanto a CDU/CSU da chanceler Angela Merkel sai vencedora nas eleições para o Bundestag deste domingo, os liberais do FDP falharam a entrada no Bundestag pela primeira vez na história.
Os conservadores, segundo projeções à boca de urna da ARD e ZDF – os dois canais públicos federais alemães -, estiveram próximos da maioria absoluta. Precisarão, no entanto, de encontrar um novo parceiro de coligação.
O partido eurocético de direita, Alternative Für Deutschland (Alternativa para a Alemanha), não alcançou por pouco a cláusula barreira dos cinco por cento.
De acordo com as projeções, o partido de Merkel alcançou entre 41,7 e 41,9 por cento dos votos. Foi a primeira vez desde 1994 que a CDU e a CSU passaram os 40 por cento.
O FDP, anterior parceiro de coligação de Merkel, terá obtido entre 4,7 e 4,8 por cento, ficando abaixo dos 5% desde a fundação do Bundestag, o atual Parlamento alemão.
Os eurocéticos da AfD conseguiram obter 4,8%. Os social-democratas do SPD atingiram os 25,6 25,7 por cento, enquanto o Die Linke (A Esquerda) ficou na margem dos 8,5 8,6 por cento, passando para terceira força política alemã. "Os Verdes", outros derrotados da noite eleitoral, não passaram dos 8,3 8,4 por cento.
Com Merkel privada de uma maioria absoluta, uma “grande coligação” CDU-SPD torna-se o cenário político mais previsível para a constituição do novo governo federal alemão.
A chanceler falou de um “grande resultado” e agradeceu a enorme confiança depositada pelos eleitores. O líder da CSU Horst Seehofer disse que a União tinha “fechado a noite eleitoral com um resultado fenomenal“.
O ambiente pesado marcou a noite dos liberais. O líder do partido, Philip Rösler, disse que iria tirar as devidas consequências políticas do resultado. “Esta é a mais dolorosa e triste hora da história do partido liberal-democrata”. “É uma hora ruim para o FDP”, acrescentou o candidato e líder da bancada Rainer Brüderle.
O FDP fez campanha, até aos últimos dias, na expectativa de obter apoios eleitorais junto de apoiantes de Merkel. Esperança desfeita pela chancelar, que se recusou a “emprestar” votos ao seu ex-parceiro de coligação.
Apesar de um ligeiro aumento de votos, o candidato do SPD Peer Steinbrück disse que o seu partido “não obteve o resultado que queria”. Sobre um provável bloco central, Steinbrück disse que “a bola está agora do lado da Frau Merkel”.
“Nós perdemos. Essa é a amarga realidade”, disse o candidato verde Jürgen Trittin. A co-candidata Katrin Göring-Eckardt anunciou uma “análise clara e muito honesta” para os próximos dias.
O Presidente do grupo parlamentar do Die Linke, Gregor Gysi, salientou que o seu partido, apesar das perdas em relação a 2009, é novamente a terceira maior força no Bundestag. O líder do partido, Bernd Riexinger, disse que esta era “uma boa noite” para o Die Linke.
O candidato dos eurocéticos do Afd Bernd Lucke disse que o resultado do seu partido é uma lição para os “partidos estabelecidos”. “Temos aqui um sinal forte de oposição”. A Afd vai continuar a defender a saída da Alemanha da união monterária, assegurou.
A afluência às urnas, segundo a ARD e ZDF, foi de 73 por cento, ligeiramente superior a quatro anos atrás. O processo eleitoral contou com 61,8 milhões de inscritos.
Na eleição para o Bundestag em 2009 a CDU/CSU tinha alcançado 33,8 por cento, o SPD 23,0%, o FDP chegou aos 14,6%, O Die Linke aos 11,9% e “Os Verdes” aos 10,7 por cento.
Comments
Se os "socialistas" europeus
Se os "socialistas" europeus não estivessem comprometidos com o neoliberalismo, haveria uma maioria de esquerda no Bundestag e a possibilidade de um governo SPD-Grüne-Die Linke. Infelizmente, para o SPD, o Die Linke parece ter lepra, pelo que preferem coligar-se com os conservadores de Merkel.
Aliás, o mesmo se passa em Portugal. Quando Cavaco veia com a ideia ridícula da "salvação nacional", Seguro recusou qualquer acordo com o BE mas mostrou-se disponível para um acordo de "salvação(?) nacional" com o PSD e o CDS.
Por isso, a conversa do PS sobre "voto útil(?)" de esquerda é mais uma tentativa de enganar o povo. Assim, quem quiser votar contra a "troika" no domingo, deve fazê-lo votando em partidos ou movimentos independentes verdadeiramente de esquerda (isto é, não comprometidos com o famigerado memorando). Votar no PS é dizer que apenas aspiramos a mudar as "moscas". O problema é que a porcaria irá continuar!
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