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"Não contem connosco para apostar no totodéfice"

João Semedo acusou os três partidos subscritores do memorando de lançarem "uma distração de campanha: o totodéfice". E desafiou Seguro a dizer se manterá o voto contra o Orçamento de Estado caso a troika aceite a sua aposta de 5% de défice, em vez dos 4% de Passos Coelho ou dos 4,5% de Paulo Portas. "A aposta do Bloco é acabar com a política de austeridade", garantiu esta quinta-feira no comício do Bloco em Setúbal.
João Semedo não entra nas apostas do totodéfice e garante que a aposta do Bloco é acabar com a austeridade. Foto Paulete Matos

Esta quinta-feira à noite, no comício de apoio à candidatura do Bloco em Setúbal, João Semedo começou por assinalar a nova "distração na vida política portuguesa: o totodéfice", com Paulo Portas a defender 4,5% de défice em 2014 e Passos Coelho a dizer que o compromisso são 4%, enquanto Maria Luís Albuquerque, que começou por se associar a Portas, entretanto "deu o dito por não dito e veio tomar partido pelo primeiro-ministro". "Neste totodéfice, o CDS joga no 4,5%, o PSD joga no 4% e, surpresa das surpresas, António José Seguro e o PS também se associaram a este totdéfice e defendem que o défice que melhor serve o país é o 5%", acrescentou Semedo.

"Mas se não acertaram durante dois anos e meio nas previsões do défice, vão agora acertar? Só se for por milagre!", prosseguiu o coordenador bloquista, para quem a grande questão é saber qual é a diferença entre os três números. "Algum destes défices significaria menos austeridade ou diminuição de impostos em 2014? Significaria que seriam devolvidos os cortes nos salários, subsídios e serviços públicos? Certamente que não!", responde Semedo.

Para o coordenador do Bloco, o que é certo é que "se a política de austeridade continuar em 2014, tudo vai ficar pior, com mais dívida e mais défice". Por isso entende que este totodéfice "é uma bizantinice de quem não quer discutir os problemas do país, mas apenas discutir o acessório para nos distrair daquilo que é importante". "Não contem connosco para o totodéfice. Não apostamos num número milagroso, a nossa aposta é acabar com a política de austeridade", concluiu João Semedo.

Em seguida, Semedo lançou um desafio ao líder do PS para que esclareça se no caso improvável de que "a troika aceitasse o défice de 5%, António José Seguro continuaria ou não a dizer que irá votar contra o Orçamento de Estado". Para Semedo, esse número lançado agora por Seguro "pode ser a chave para aquele consenso reclamado por Cavaco Silva para alargar a base de apoio à austeridade" após a crise governamental de julho.

Semedo descreveu ainda outra novidade desta campanha eleitoral: agora, "todos os partidos que diziam bem da troika passaram a dizer mal. Aquilo que aplaudiam, passaram a assobiar". Para o coordenador do Bloco, "esta novidade tem uma explicação: é que estamos em eleições e é preciso mentir, enganar, confundir e baralhar. PSD e CDS querem transformar o debate eleitoral numa trapaça política, porque precisam esconder que não há nenhuma diferença entre os objetivos da troika e do Governo".

E para João Semedo, esse consenso que junta PSD, CDS e a troika centra-se em três objetivos: "reduzir o valor do trabalho e o rendimento disponnível dos trabalhadores; retirar o Estado da economia, privatizando tão depressa quanto possível, mesmo em saldos como no caso dos CTT; e retirar os serviços públicos da responsabilidade do Estado". 

"Tudo o resto é trapaça para iludir o eleitor", garantiu o coordenador bloquista, antes de apelar ao voto que penalize a austeridade nas eleições autárquicas. "No dia 29, não se escolhem apenas os autarcas, escolhe-se bem mais do que isso. Cada trabalhador tem nas sus mãos a capacidade de recusar a política de austeridade e nós vamos derrotar essa política", concluiu Semedo, manifestando confiança na eleição de Mariana Aiveca como vereadora em Setúbal.

 

Mariana Aiveca: "A água em Setúbal tem de voltar a ser pública" 

"É possível esta candidatura eleger pela primeira vez para a vereação, reforçar os eleitos na Assembleia Municipal e nas freguesias", declarou a candidata do Bloco à Câmara Municipal de Setúbal na sua intervenção neste comício realizado na Sociedade Musical Capricho Setubalense, onde também interveio Henrique Guerreiro, candidato à Assembleia Municipal. Mariana Aiveca destacou várias das principais propostas da candidatura, como a da descida do Imposto Municipal sobre Imóveis ou a defesa da água pública. 

"Queremos o retorno da água à gestão publica. Nem menos, nem mais", defendeu Mariana Aiveca, apresentando o caso de uma munícipe que, vivendo apenas com 280 euros mensais de rendimento social de inserção e tendo dois filhos a cargo, viu a água cortada em casa por não ter pago uma conta de 40 euros. Mas quando tentou pagar a conta em atraso junto da empresa privada Águas do Sado, foi informada que teria de pagar mais 700 euros pelo restabelecimento do serviço e o novo contador. 

Mariana Aiveca deixou ainda a garantia de que "não abdicaremos de propor a descida do imi para a taxa mínima. Não é justo, não é concebível, que num concelho com uma taxa de desemprego de 18%, o IMI tenha estes valores e haja gente sem casa", defendeu a candidata bloquista. "Provem-nos, com contas certas, que a Câmara não pode baixar o IMI. Ainda hoje num debate nunca nos conseguiram demonstrar isso. Exigimos contas certas", acrescentou.

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