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Arquivado inquérito a PSP que baleou fugitivo em Lisboa

Depois de ter visto o processo judicial arquivado em julho, o agente da PSP que baleou mortalmente Flávio Rentim, de 18 anos, na estação de Campolide, viu o inquérito da IGAI ter o mesmo destino, apesar de ter mudado a sua versão dos acontecimentos.
Perseguição mortal em Campolide acaba arquivada pelo Ministério Público e IGAI. Foto Paulete Matos

Segundo o semanário Sol, a Inspeção Geral da Administração Interna resolveu arquivar o inquérito ao agente da PSP Bruno Gonçalves, invocando "legítima defesa putativa". O agente perseguia Flávio Rentim, de 18 anos, que acabava de fazer dois assaltos e se pusera em fuga quando viu a polícia no seu encalço. Na estação de ferroviária de Campolide, em Lisboa, Flávio passou por dois maquinistas, que o tentaram travar sem sucesso, e saltou da plataforma para a linha. O polícia tentou fazer o mesmo, mas caiu. 

A parte final da perseguição terá sido a única que as câmaras de vigilância não gravaram e o agente foi o único que sobreviveu para contar a história, mas mesmo assim alterou-a em fase de interrogatório. Começou por escrever no relatório de uso da arma de fogo que o disparo que atingiu Flávio na carótida fora involuntário e inesperado, por ter as luvas de couro calçadas, para mais tarde passar a afirmar que o tiro foi disparado em legítima defesa. 

Na nova versão do agente, Flávio tê-lo-ia visto caído e começou a andar na sua direção, pondo a mão no bolso direito, altura em que terá dado ordem ao fugitivo para não se mexer, antes de disparar o tiro certeiro, apesar de não ter visto nenhuma arma na sua posse. Uma versão que o Ministério Público aceitou como boa, com a procuradora que arquivou a caso a concluir que "o infortúnio do sucedido deveu-se a uma infeliz conjugação de circunstâncias e não a qualquer ato doloso ou mesmo negligente”. O relatório do IGAI acompanha agora a leitura do Ministério Público, afirmando mesmo que “qualquer agente médio sentiria medo e reagiria da mesma forma”.

Nos últimos dez anos, 28 cidadãos perderam a vida baleados em perseguições policiais. Quase metade dos processos tiveram o mesmo destino do da morte de Flávio Rentim e a maioria dos restantes deram origem a punições de suspensão dos agentes, que na maior parte dos casos estão já de novo armados nas ruas. As sanções de expulsão das forças policiais continuam a ser a exceção à regra. 

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