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Alterações climáticas poderão ter causado colapso das civilizações do Mediterrâneo

As civilizações do Mediterrâneo oriental desapareceram no final da Idade do Bronze, por volta de 1200 AC, mas as razões do colapso sempre foram tema para todo o tipo de especulações. Algumas inscrições egípcias retratavam as invasões dos "Povos do Mar" no Delta do Nilo, na costa turca e nas regiões da Síria e da Palestina, marcadas pela fome nas cidades e o abandono dos campos. Mas o estudo publicado este mês pela equipa liderada por David Kaniewski, da Universidade Paul Sabatier, em Toulouse, analisou os dados paleoclimáticos na região do Chipre, combinando-os com a análise de grãos de pólen derivados de sedimentos dos lagos de Larnaca.
O resultado das análises permitiu aos investigadores descobrir a existência de um período de frio e seca naquela região, que terá durado trezentos anos, com consequências devastadoras para a vida de comunidades até então prósperas, devido à localização estratégica para as rotas comerciais. Esses lagos, que antes serviam a atividade portuária, foram secando até se tornarem salgados. Com a morte das plantações, a fome alastrou e deu origem às guerras, com as invasões a arrasarem o que sobrou dessas civilizações.
"Ao combinar dados da costa cipriota e síria, este estudo mostra que a crise da Idade do Bronze tardia coincidiu com o começo de uma seca de cerca de 300 anos há 3200 anos atrás", aponta a conclusão do estudo "Raízes ambientais da crise da Idade do Bronze tardia". "Esta alteração do clima provocou fracassos nas colheitas, morte e fome, que terão precipitado ou apressado as crises socio-económicas e obrigaram às migrações humanas na região" do Mediterrâneo oriental e do sudoeste asiático, conclui o estudo.
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