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Em democracia, inovar também é preciso

Sem esquecermos que as eleições são apenas um dos diversos momentos que compõem a vida democrática, é importante lembrarmos que a inovação também é importante para a democracia, e se calhar prioritária na agenda da esquerda.

Logo nos primeiros anos de escola, aprendemos que determinado evento será verificado somente se algumas condições forem previamente observadas, Ceteris Paribus. A importância do método é particularmente evidente para aqueles que se aventuram a fazer ciência, aprendem desde cedo que o “como”, é quase tão importante como o “o que”. Em democracia também é assim. A forma como é conduzido o processo eleitoral tem forte influência sobre os resultados obtidos. Desde a inscrição dos candidatos, até o momento em que são contados os votos.

Os recentes escândalos envolvendo candidatos chumbados em tribunal, candidatos fazendo uso de recursos públicos durante a campanha, ou até o já longínquo caso de pessoas que foram impedidas de votar, são alguns dos exemplos da importância que tem o método sobre o resultado eleitoral. Sem esquecermos que as eleições são apenas um dos diversos momentos que compõem a vida democrática, é importante lembrarmos que a inovação também é importante para a democracia, e se calhar prioritária na agenda da esquerda.

Por um lado é importante aprimorarmos o acesso e a transparência, por outro, parece-me particularmente importante a criação de ferramentas que respondam com maior precisão aos anseios de cada cidadão.

Para ser mais concreto, tomemos o exemplo da Noruega, que no próximo dia 9 de Setembro vai eleger novos representantes para o seu parlamento. Vale lembrar que de facto, as eleições já começaram para muitos noruegueses, que tem inúmeras alternativas para votar fora do seu domicílio eleitoral. Em muitos casos, devem apenas dirigir-se ao consulado mais próximos, munidos do seu documento de identificação (sem a necessidade de inscrição prévia). Para além disto, neste ano 12 município vão testar o voto antecipado via internet. Mas a facilidade com que os cidadão do Reino da Noruega podem manifestar a sua vontade não é, na minha opinião, o facto mais curioso daquele processo eleitoral.

Ao adentrarem o seu local de voto, os noruegueses que vão votar em território nacional, deparar-se-ão com uma série de listas, representando cada um dos partidos. Para além de escolher uma das listas, os noruegueses podem ainda alterar a ordem dos candidatos, inclusive eliminando aqueles nos quais não depositam confiança. Mas a participação dos noruegueses pode ir ainda mais longe, para além do voto no seu partido, podem ainda atribuir pontos positivos ou negativos para candidatos de outros partidos, influenciando sua eventual presença no parlamento. É o chamado voto múltiplo, que tem influenciado as eleições municipais (nem tanto as parlamentares) na Noruega desde de 1896.

Sem entrar no mérito do particular método adotado pelos noruegueses, cujos resultados já provocam efeitos no mínimo interessantes (como por exemplo, uma maior expressão das comunidades imigrantes em seus candidatos), importa destacar um simples facto: É possível fazer diferente.

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