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A quadratura do círculo absoluta

António Costa, mesmo embalado pelas sondagens que lhe são favoráveis, apresenta apenas o que já tem. E isso é, creio, insuficiente.

O Bloco de Esquerda lançou a sua candidatura, com João Semedo como cabeça de lista à CML, juntando ideias e pessoas (com inúmeros independentes) em torno de um programa que responda aos problemas determinantes na vida dos lisboetas e na vivência de uma cidade democrática. Queremos Lisboa mais habitada, mais viva e mais solidária.

A atual maioria na Câmara surge na campanha e afirma que agora é que vai ser: agora é que vão responder às carências de habitação, exigir responsabilidade ao Governo nas empresas de transportes públicos, enfrentar a crise social com o apoio que exige. A verdade é que António Costa, mesmo embalado pelas sondagens que lhe são favoráveis, apresenta apenas o que já tem. E isso é, creio, insuficiente.

São necessárias medidas para reabilitar a cidade, criar emprego e habitação a preços acessíveis, garantir uma mobilidade barata e ecológica e ainda reforçar os mecanismos de apoio aos cidadãos numa altura de crise profunda.

A única garantia de implementação destas medidas é a eleição do vereador do Bloco de Esquerda. A eleição de um Executivo camarário de maioria absoluta irá aprofundar tiques absolutistas próprios, afastando qualquer hipótese de diálogo e convergência entre as forças políticas de esquerda. Há um grave risco de estagnação da implementação de políticas indispensáveis para a cidade.

Lisboa e a democracia necessitam do Bloco de Esquerda. O João Semedo, pela sua experiência política e cidadã, capacidade e por conhecer bem a cidade onde nasceu, é a garantia de transparência no exercício das funções executivas e de alargamento do leque de alternativas políticas num cenário de austeridade nacional.

Onde pára a direita?

Lisboa entra num Agosto que se espera quente, a conhecer as equipas e as propostas para a cidade dos candidatos ao poder autárquico. Os desafios são conhecidos: uma cidade povoada de casas abandonadas e tanta gente que necessita de casa, o agravamento da pobreza na cidade, o colapso do comércio de proximidade na tempestade da crise económica, os despejos da nova lei das rendas, um sistema de transportes público caro e degradado no serviço.

No meio das dificuldades, sente-se uma ausência gritante nos debates da cidade. Onde pára a direita? Fernando Seara, apresentado como o protagonista em Lisboa da maioria de direita que tem arruinado o país, teima em não estar presente, ninguém o vê... Acossado pela ilegalidade da sua candidatura, por infringir a lei da limitação de mandatos executivos, desapareceu depois de ter feito uma parição fugaz, dizendo que ficava. E, como é hoje claro em tantos concelhos do país, a direita do PSD e CDS tem pela frente uma impossibilidade lógica – é que para todos é claro que não serão os executivos locais da coligação PSD-CDS a conseguir dar resposta ao drama social e à crise económica criada exatamente pelo PSD-CDS.

Sobre o/a autor(a)

Investigadora do CES
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