Isabel Pires

Isabel Pires

Dirigente do Bloco de Esquerda. Licenciada em Ciências Políticas e Relações Internacionais e mestranda em Ciências Políticas

Das contra-reformas à rampa deslizante é um pequeno passo para o Governo PSD/CDS, mas uma mudança profunda no cenário político atual. O perigo das rampas deslizantes é exatamente este: são o convite à normalização parlamentar e institucional da extrema-direita.

O país não tem sido capaz de, apesar de algumas tentativas meritórias e avanços importantes, alterar significativamente a forma como nos deslocamos. Falta fiabilidade ao transporte público e conforto. Mas também faltam condições de trabalho dignas para quem nos transporta todos os dias.

O que nos diz o governo sobre o que virá daqui para a frente? Nada. Um governo vazio, frio, que se tenta manter à tona com manchetes mas que não tem nada para oferecer ao povo a não ser mais crise na saúde, mais crise na habitação, mais crise para quem trabalha.

Os debates sobre o direito à habitação não podem fugir à questão dos preços e de como controlar e baixar preços. É impossível ignorar as medidas de fixação e controlo de rendas, ou de limitações ao alojamento local.

Independentemente da plataforma digital, a luta por uma Palestina livre e pelo fim ao genocídio está viva e não irá parar por aqui.

Valorizar carreiras, pagar melhores salários, dar possibilidade real de evolução. Estas devem ser prioridades, veremos se de facto há vontade política para fazer acontecer.

Políticas públicas de mobilidade são uma urgência para o clima, para o território, para as famílias.

Não basta batermos com a mão no peito constantemente pela ferrovia e declarar amor a uma causa quando a realidade demonstra o contrário. A realidade é que as populações de várias regiões do país continuam sem ter acesso à ferrovia e tão cedo não a terão.

Numa época festiva, um dos presentes no sapatinho do Governo vai ser o maior aumento de rendas dos últimos 30 anos. PS e toda a direita juntam-se para manter o mercado imobiliário intocado. Em 2024 não podemos continuar a aceitar isto.

Uma maioria absoluta que não consegue responder às prioridades do país estava destinada a falhar no que mais importa. Mas esta foi mesmo a escolha de PS. Um ministro mestre em dissimular negociações, ao mesmo tempo que desmantela serviços. Será essa a história de desamor à saúde que deixará esta maioria absoluta.