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Bradley Manning enfrenta pena até 130 anos de prisão

Esta terça-feira foi lida a sentença do tribunal militar norte-americano ao soldado que entregou à Wikileaks informações sobre a guerra dos EUA no Iraque e Afeganistão. Manning foi absolvido da acusação mais grave - ajudar o inimigo - mas corre ainda o risco de passar o resto da vida na prisão. Dezanove eurodeputados - entre os quais Marisa Matias, Alda Sousa e Ana Gomes - escreveram uma carta aberta a Obama a pedir a libertação de Bradley Manning.
Bradley Manning foi absolvido da condenação mais grave, mas enfrenta uma condenação que o pode levar na prática a uma prisão quase perpétua.

Apesar de ser absolvido do crime de ajuda ao inimigo, que é punido com prisão perpétua, a soma dos restantes crimes, que incluem roubo e espionagem, somam uma condenação até um máximo de 130 anos de prisão, segundo o jornal Guardian. Mesmo que aplicado o cúmulo jurídico, as perspetivas de Manning poder regressar à liberdade nas próximas décadas é duvidosa.

As reações à sentença não se fizeram esperar e a Amnistia Internacional declarou que "não é difícil tirar a conclusão de que este julgamento de Manning serviu para enviar uma mensagem: o governo dos EUA vai perseguir-vos". Por parte da Associação de Direitos Civis ACLU, a reação foi semelhante, com acusações ao governo de procurar intimidar quem venha a querer fazer denúncias semelhantes. "Apesar de nos sentirmos aliviados por o sr. Manning ter sido absolvido da acusação mais grave, a ACLU sempre defendeu que a passagem de informações à imprensa por razões de interesse público não deviam ser julgadas à luz da Lei de Espionagem", declarou Ben Wizner.

Eurodeputados escrevem carta aberta a Obama 

Manning tornou-se um ícone da liberdade de expressão em todo o mundo e foi já nomeado três vezes como candidato ao Nobel da Paz. Esta terça-feira, 19 eurodeputados escreveram uma carta aberta dirigida a Barack Obama e ao secretário da Defesa Chuck Hagel, pedindo a libertação do soldado que denunciou com a sua ação alguns crimes de guerra que provocaram mortes civis. Entre os subscritores encontram-se as eurodeputadas portuguesas Marisa Matias, Alda Sousa e Ana Gomes.

"Longe de ser um traidor, Bradley Manning agiu em consciência em nome do superior interesse do seu país", dizem os eurodeputados, recordando que "onze anos e meio após a invasão norte-americana do Afeganistão, essa nação ainda tem de criar uma democracia que funcione e libertar-se dos Taliban e dos senhores da guerra fundamentalistas".

"Estamos preocupados porque a guerra da administração norte-americana aos autores de denúncias como Edward Snowden e Bradley Manning é dissuasora do processo democrático tanto nos Estados Unidos como na Europa", prosseguem os aurodeputados, pedindo a libertação do soldado que passou os últimos três anos presos, incluindo dez meses em regime de solitária "em condições que o Relator Espacial da ONU sobre Tortura Juan Mendez considerou 'cruéis e abusivas'".

Eu sou Bradley Manning

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