You are here

Gaspar confirma que ministra sempre soube dos swaps

Na audição desta terça-feira na comissão parlamentar de inquérito, o ex-ministro das Finanças desmentiu a sucessora, dizendo que "como profissional experiente nesta matéria estava de longa data informada sobre a existência e as características" dos swaps.
A situação de Maria Luís Albuquerque fica mais insustentável após o depoimento de Vítor Gaspar. Foto Mário Cruz/Lusa

O caso dos contratos de risco de crédito assinados por empresas públicas com a banca internacional, que se revelaram ruinosos para os cofres públicos, teve um novo episódio esta terça-feira, com a ida do ex-ministro das Finanças Vítor Gaspar ao Parlamento para depor na comissão de inquérito.

Na audição, Vítor Gaspar confirmou aquilo que a atual ministra de Estado e das Finanças tem procurado esconder desde antes da tomada de posse: "foi claro" que Maria Luís Albuquerque "estava informada sobre a existência deste tipo de contratos", afirmou Gaspar, referindo-se às conversas que manteve com a então secretária de Estado do Tesouro logo após a tomada de posse em 2011. "Discutimos certamente esta matéria em profundidade", garantiu Gaspar.

As declarações de Gaspar põem em causa o comportamento da atual ministra em todo este processo, dado que nada fez durante um ano para resolver a situação, com prejuízo de mais de mil milhões para os contribuintes, já entregues aos bancos.  “Se tivesse sido alertada no dia 30 de junho era capaz de ter atuado um pouco mais cedo”, garantiu Maria Luís Albuquerque aos deputados no mês passado. Esta terça-feira, Gaspar veio confirmar que ela estava devidamente alertada e ciente do problema nessa data.

Nas perguntas ao ex-ministro, a deputada Ana Drago argumentou que o Governo nada fez para travar as perdas potenciais durante quase um ano e apenas em 2012, com a tomada de posse dos novos responsáveis do IGCP (Agência de Gestão para o Crédito Público), foram dadas instruções para lidar com os contratos que entretanto duplicaram as perdas potenciais desde a chegada do novo Governo, rondando os 3 mil milhões.

Desta audição, a deputada bloquista concluiu ainda que dois anos depois de chegar ao Governo e ter conhecimento do problema,  ainda não foi criado o enquadramento legal para evitar que se repita a subscrição de instrumentos financeiros de alto risco nas empresas públicas. E criticou o Governo por ser tão rápido a aumentar impostos e cortar subsídios de natal e férias e ao mesmo tempo esperar dois anos para impedir situações que provocaram perdas potenciais a rondar os 3 mil milhões de euros.

Artigos relacionados: 

Termos relacionados Política, swaps
Comentários (2)