You are here

Bulgária: Manifestantes cercam deputados e ministros durante 9 horas

Meio milhar de manifestantes bloquearam o Parlamento da Bulgária para impedir que os deputados saíssem do edifício, no 40.º dia consecutivo de protestos contra o governo, a corrupção e austeridade.
Protesto na Bulgária. Foto creative commons http://www.cross.bg/pravitelstvoto-ostavka-hora-1367099.html#axzz2YWsT91Ck

Pela primeira vez nos 40 dias de manifestações antigovernamentais na Bulgária houve nesta terça-feira confrontos violentos entre a polícia e os manifestantes, que deixaram vários feridos. Mas os manifestantes mantiveram bloqueados no edifício do Parlamento, na capital, Sófia, cerca de cem pessoas, entre deputados, ministros e jornalistas parlamentares. Só às 4horas da madrugada a polícia conseguiu evacuar as pessoas que permaneciam no Parlamento.

Os manifestantes exigiam a demissão do governo do primeiro-ministro Plamen Oresharski, que preside a um governo de “especialistas” tecnocratas apoiado pelos socialistas.

Cerca das dez da noite, a polícia fez a primeira tentativa de evacuar deputados e ministros num autocarro, mas teve de desistir, quando garrafadas começaram a partir os vidros. Foi só então que apareceu a Polícia de choque, pela primeira vez desde o início dos protestos.

Segundo o jornal El País, a comissária europeia da Justiça, Vivian Reding, disse aos manifestantes (antes desta manifestação) que podiam contar com a UE: “Vamos empurrar o governo para uma verdadeira luta contra a corrupção.

Czar da Segurança

Os protestos começaram depois de o governo ter anunciado, no dia 14 de junho, a nomeação de um magnata dos média, Delyan Peevski, para chefiar a Agência Estatal de Segurança Nacional, tornando-se o “Czar da Segurança”. Peevski, 32 anos, é dono de 80% da imprensa escrita do país e ninguém lhe conhece experiência na área de segurança nacional. Já se demitiu de um cargo de vice-ministro em 2007 e foi investigado por chantagem. É deputado do partido turco Movimento pelos Direitos e Liberdades, que apoia o governo de Oresharski, que tem a sua principal base de apoio nos socialistas do Partido Socialista Búlgaro. Para piorar, a decisão foi tomada sem qualquer debate parlamentar.

Diante dos protestos, o primeiro-ministro retirou a nomeação, mas a fagulha já tinha incendiado o ambiente e começaram os protestos contra a corrupção, a rede complexa de ligações entre os grupos económicos, as máfias e os deputados tanto do PSB quanto do partido de centro-direita Cidadãos para o Desenvolvimento Europeu da Bulgária, de direita.

Austeridade radical

Além disso, o governo de “especialistas”, nomeado porque as eleições de maio foram muito divididas, continuou a aplicação de uma política de austeridade tão mais radical quanto não se entendem os seus motivos. A Bulgária tinha em 2008, quando a crise financeira internacional começou, uma dívida pública de 15% do PIB e menos de 3% de défice. A austeridade, com o seu cortejo de cortes de gastos públicos, tornou impossível a vida dos búlgaros que já têm o mais baixo padrão de vida da União Europeia – cerca de 50% da média europeia. Mesmo a Croácia, que acabou de entrar na UE, é mais próspera que a Bulgária.

Os protestos, assim, devem continuar.

Nota final: o líder do Partido Socialista Búlgaro, Sergei Stanishev, é também líder do Partido dos Socialistas Europeus.

Artigos relacionados: 

Termos relacionados Internacional
(...)