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Governo grego proíbe manifestações para receber as ordens de Berlim

Ministro das Finanças alemão levou na bagagem mais um “memorando de entendimento”. Governo direitista-socialista suspendeu temporariamente o direito de manifestação nas ruas por onde passou a comitiva.
O ministro assentou as suas recomendações na instauração do conceito de “minijobs”, isto é, empregos precários com horários até 40 horas por semana, com um salário máximo de 450 euros, sem direitos nem contribuições sociais. Foto de EU Council Eurozone

O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schauble, foi a Atenas no dia seguinte à aprovação de novo pacote de austeridade para exigir o combate ao desemprego através de trabalho precário sem direitos e com salários inferior ao mínimo.

Schauble, braço direito da chanceler Angela Merkel na imposição de medidas de austeridade aos povos do Sul da Europa em troca de empréstimos em condições que implicam recessão e subida das dívidas públicas, pretende que esta viagem seja encarada como “um auxílo” à Grécia e não um reforço do protetorado alemão sobre o país.

O ministro alemão levou na bagagem mais um “memorando de entendimento” a ser assinado pelo governo direitista-socialista de Samaras e que envolve um novo crédito de 100 milhões de euros, este destinado às pequenas e médias empresas. O processo decorrerá através da transferência da verba do Banco Alemão de Desenvolvimento para uma entidade gémea a criar na Grécia, pelo que a sua concessão deverá arrastar-se ainda por muitos meses.

Em coincidência com a presença na Grécia, o Ministério alemão das Finanças divulgou um vídeo em forma de entrevista a Wolfgang Schauble em que este recomenda aos países do Sul maior “flexibilização” dos mercados de trabalho num quadro semelhante ao conteúdo do recente relatório do JP Morgan contra as Constituições de vários países da União Europeia. Só assim será possível empregar jovens, diz o ministro.

”Quando a proteção contra os despedimentos é alta, os mais velhos não podem ser despedidos e isso está bem, mas então os jovens não têm acesso” aos postos de trabalho, disse o ministro de Merkel acicatando os conflitos de gerações. Segundo Schauble, os mercados de trabalho de alguns países da Zona Euro, sobretudo os que estão submetidos a resgates, têm “regulamentos rígidos”, sobretudo em termos de despedimentos, pelo que são necessárias reformas impondo uma “certa flexibilização”.

O ministro assentou as suas recomendações na instauração do conceito de “minijobs”, isto é, empregos precários com horários até 40 horas por semana, com um salário máximo de 450 euros, sem direitos nem contribuições sociais. Esta forma de “exploração do trabalho jovem”, como comentou um sindicalista grego, teve “muito êxito na luta contra o desemprego” na Alemanha, segundo Schauble.

A visita do ministro alemão realizou-se imediatamente a seguir à aprovação pelo Parlamento grego de um novo pacote de medidas exigidas pela troika. Entre as medidas estão o despedimento de quatro mil funcionários públicos este ano e 11 mil em 2014. Outros 25 mil empregados públicos, a metade dos quais antes de Setembro, deverão entrar este ano em sistema de “mobilidade especial”, com 75% do salário base durante oito meses, seguindo-se o despedimento. No âmbito da visita de Schauble, o governo direitista-socialista suspendeu temporariamente o direito de manifestação nas ruas por onde passa a comitiva.

Artigo publicado no site do Grupo Parlamentar europeu do Bloco de Esquerda

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