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Eleições, já!

A falência da política do memorando que desgraça o país e os/as portugueses/as, assumida pelo seu construtor, fez ‘tocar as campainhas’ a Paulo Portas, para quem qualquer pretexto passou a ser bom para se pôr a salvo.

Esta semana, assistimos todos/as à triste figura com que PSD e CDS nos brindaram, à custa das trapalhadas da governação.

Foi intenso e indisfarçável o sentimento de vergonha e de repulsa que nos assolou.

Durante esta trapalhada, fomos bombardeados (como é costume) com catadupas de análises de comentadores, que nos entretinham com as tricas entre Passos e Portas, com o suspense do seu (des)entendimento, como se todo este lamentável espetáculo fosse o que mais importa.

Ora, o verdadeiro centro da questão só em pequena dose foi aflorado. E esse centro é a demissão de Vítor Gaspar e a sua cristalina confissão.

Confissão, aliás, de quem, durante dois longos anos, deu numerosas aulas, defendendo que o caminho da troika era o único possível.

Mas, finalmente, Vítor Gaspar confessa que o caminho seguido estava/está errado e que ele, por ter seguido esse caminho (no qual acreditava), nunca conseguiu acertar nas previsões económicas.

E esta é que é a verdadeira bomba: - Vítor Gaspar admite que aquilo que há dois anos atrás o Bloco de Esquerda disse era/é verdade. Não estranhemos, portanto, que ao longo do tempo, muito mais gente tenha juntado a sua voz à nossa.

Acontece que a falência da política do memorando que desgraça o país e os/as portugueses/as, assumida pelo seu construtor, fez ‘tocar as campainhas’ a Paulo Portas, para quem qualquer pretexto passou a ser bom para se pôr a salvo, já que até as sondagens apontam para uma queda acentuada do CDS.

Logo banqueiros, Merkel, Barroso e diversos tecnocratas europeus se apressam, em declarações públicas, pressionando para que o governo PSD/CDS se recomponha, afim de prosseguir o caminho que lhes interessa, mesmo que o sofrimento dos/as portugueses/as atinja novos patamares. Bem sabemos que prosseguir o caminho da troika significa mais sacrifícios, sem qualquer resultado.

Eleições é a única saída decente, não para voltar a formar um governo de salvação nacional - como defende Carlos César -, debaixo dos ditames da troika.

Eleições, sim, para criar as condições de um governo corajoso que reestruture a dívida, negocie os juros e faça depender o pagamento do restante da evolução da economia.

Há dois anos que defendemos este caminho. A vida tem mostrado o seu acerto, para defesa do País e dos/as portugueses/as.

Sobre o/a autor(a)

Dirigente do Bloco de Esquerda. Deputada à Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, entre 2008 e 2018.
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