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A Universidade de Verão da Esquerda Europeia reivindica uma mudança radical do BCE

José Gusmão, do Bloco de Esquerda, referiu-se à necessária distinção entre a política monetária, demasiado agressiva por parte do BCE, e a política fiscal, demasiado fraca. Explicou, também, que o problema fundamental da dívida é que esta foi transferida do setor privado bancário para os cofres públicos.
Gusmão desmentiu os tópicos que alimentam as forças políticas e mediáticas do neoliberalismo, como o discurso de que a falta de pagamento da dívida suporia a ruína económica do resto dos governos da União Europeia. “É preciso desterrar a ideia de que o Banco Central Europeu deve operar como qualquer entidade financeira privada” quando o seu papel, disse, deveria ser o de ocupar-se unicamente do crescimento e desenvolvimento dos países membros, assim como atacar o problema do desemprego.
Como propostas reivindicativas da esquerda apontou a reestruturação da dívida, a mudança radical do ponto de vista institucional da Zona Euro, com a consequente mudança da política económica e monetária que implica, além da nacionalização da dívida.
Da Finlândia, Antti Rokainen perguntou-se por que não se presta maior atenção à dívida privada das entidades financeiras e hipotecárias. Também argumentou que ao tratar-se de uma agressão claramente contra a classe operária europeia, o contra-ataque da classe operária, defendendo-se de tal agressão, deve ser feito de maneira conjunta, à escala europeia.
Outro dos pontos chave para resolver o problema da dívida seria que o BCE financiasse diretamente os estados em vez de fazê-lo enriquecendo as entidades financeiras privadas. Foi Andrej Hunko, do Die Linke, que abriu o debate sobre o tema, mostrando a ausência total de democracia nos mecanismos de controlo e de funcionamento do BCE. Hunko estendeu essa falta de democracia às estruturas da União Europeia no seu conjunto. Apontou também a “curiosa e paradigmática” falta de debate que existe na Alemanha em torno do papel e das políticas do BCE, apesar das manifestações de protesto realizadas recentemente.
Por sua parte, também do Bloco, Mariana Mortágua, falou da natureza paradigmática do Banco Central e das suas consequências estruturais. Concluiu que o problema assenta em que os defensores radicais do sistema neoliberal não aceitaram a essência verdadeira do dinheiro, como algo não neutro e plenamente integrado no sistema e se dedicam a forçar as situações para que as suas teorias encaixem na prática.
As outras oficinas do dia trataram sobre a privatização dos serviços públicos, a reconstrução produtiva da indústria, a agricultura e a pesca na Europa, as experiências das políticas municipais de indústria, agricultura e pesca na Europa, a privatização da água, as técnicas de política de comunicação, Transform! Europe como laboratório de esquerda, as mulheres e a esquerda, e o populismo e a extrema-direita, entre outros.
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