You are here

Catarina Martins: “Vão anunciar um morto-vivo, um zombie”

Falando na Universidade de Verão da Esquerda Europeia, coordenadora do Bloco diz que Portugal está sem governo legítimo e que se preparam para anunciar um morto-vivo, só para evitar a soberania do povo. Na mesma sessão, no Porto, discursaram Jean-Luc Mélenchon, do Front de Gauche (França), Willy Meier, da Izquierda Unida e do PCE (Estado espanhol) e Haydar Ilker, do ÖDP (Turquia).
Catarina Martins e Jean-Luc Mélenchon. Foto de Renato Soeiro

“Portugal está neste momento sem um governo legítimo”, disse Catarina Martins na sessão desta sexta-feira à noite da Universidade de Verão da Esquerda Europeia que decorre no Porto. “Aqueles que governavam perderam a legitimidade porque se apresentaram há dois anos ao voto com o programa de austeridade que dizia que resolvia o problema do défice e da dívida. Dois anos depois, o governo entrou em crise porque essa política fracassou”.

“Não se trata de questões pessoais ou choque de personalidades”, disse a coordenadora do Bloco de Esquerda. A atual crise, recordou, começou com a demissão do ministro das Finanças que era o mais elogiado da troika, o que fizera com que Portugal aparecesse como o bom aluno das receitas de Comissão Europeia, do BCE e do FMI. “Mas esse ministro demitiu-se e enviou uma carta. E que dizia a carta? Que a política de ajustamento falhou. Falhou porque as recitas fiscais ficaram sempre abaixo do previsto, e ao ficarem fizeram falhar as metas do défice e da dívida”.

Assim, prosseguiu a deputada bloquista, “face ao falhanço e ao crescendo da contestação popular, o ministro considerou que não tinha legitimidade para continuar. E é por isso também que o governo não pode continuar. Porque cortou tudo, salários, emprego, pensões, serviços públicos, e o défice é cada vez maior.”

A nova chantagem da estabilidade

Diante desta situação, disse Catarina Martins, querem agora fazer uma nova chantagem para dizer que afinal o governo está vivo. “Vão apresentar um morto-vivo, um zombie”, só para tentar evitar que o povo seja chamado a decidir. “Porque se houver eleições, o povo vai fazer o balanço da aplicação da política de ajustamento e procurar outro caminho.” A chantagem que fazem agora, acusou a coordenadora do Bloco, é a da estabilidade. Dizem que se continuarem os mesmos que ficaram até aqui e que provocaram a crise, os que causaram a instabilidade, vai haver estabilidade. E que o que causaria instabilidade seriam as eleições.

Na verdade, pontuou Catarina Martins, “não é a estabilidade que eles buscam, é a tentativa de fugir à soberania do povo”. Porque a troika que aterra em Lisboa de novo no dia 15 vai querer fazer mais cortes ainda, cortar mais nos salários e pensões, na saúde e educação para reduzir mais 4.700 milhões de euros ao orçamento de Estado. Mas isso é impossível”, concluiu, prevendo que o governo zombie terá de imediato novas crises, até que seja devolvida a palavra ao povo.

Antes da coordenadora do Bloco falaram Haydar Ilker, do ÖDP Turquia, que falou dos protestos da praça Taksim, do Parque Gezi, explicando que eles se dirigiam contra a agenda autoritária e neoliberal de Erdogan; Willy Meier, da Izquierda unida e do Partido Comunista de Espanha, que falou da crise do projeto europeu e defendeu que é preciso enfrentá-lo com um grito de rebeldia; e

Jean-Luc Mélenchon, do Front de Gauche (França), que desenvolveu os princípios da revolução cidadã, que representa o interesse geral, que começa por tarefas ecologistas e se prolonga em tarefas socialistas e comunistas.

A Universidade de Verão da Esquerda Europeia prossegue este sábado. Veja aqui a sua agenda.

ESQUERDA.NET | Universidade de Verão do Partido da Esquerda Europeia | Catarina Martins

Artigos relacionados: 

Termos relacionados Política
(...)