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A unidade de todas as lutas centralizou os debates da Universidade de Verão do PEE

Durante a sessão de abertura da Universidade de Verão do Partido da Esquerda Europeia (PEE), a representante grega da Transform!, Elena Papadopoulou, apelou à unidade para defender a democracia e lutar “pelos direitos que nos arrebatam”. Marisa Matias contextualizou este encontro de formação “com uma semana de grandes mudanças em que o governo do país se desmorona”. Artigo de Gema Delgado, da Izquierda Unida de Espanha.
Foto de Gema Delgado.

A Universidade de Verão do Partido da Esquerda Europeia (PEE) voltou a abrir as suas portas e este ano fê-lo na cidade portuguesa do Porto. Depois das boas-vindas pronunciadas pelo responsável pelo curso, Renato Soeiro, da comissão executiva do Partido da Esquerda Europa, foi a eurodeputada do Bloco de Esquerda, Marisa Matias, vice presidenta do PEE, quem recordou que foi também em Portugal que o PEE celebrou a sua primeira Universidade de Verão, em 2006, num Portugal muito diferente ao de hoje. Naquela ocasião, recordou Marisa, foi Miguel Portas quem realizou a abertura e fê-lo apostando na ideia de criar um grande bloco de esquerdas, como o que hoje temos. O bloco cresceu, como o PEE, mas também disparou o desemprego, a pobreza, a desigualdade.

Matias contextualizou este encontro de formação da esquerda com uma semana de grandes mudanças em que o governo do país se desmorona: primeiro demitiu-se o ministro das Finanças, “mais interessado em Berlim do que em Portugal”, e depois seguiu-se o Ministro dos Negócios Estrangeiros. Frente a este governo que vive de costas para os cidadãos, o povo organiza-se e luta. Acaba de o fazer com uma grande greve de professores de uma semana e com a Greve Geral do passado 27 de junho. A eurodeputada portuguesa informou que, neste sábado, o povo português voltará a sair à rua, convocado pela intersindical CGTP e os movimentos sociais como “Que se lixe a Troika” e “Precários inflexíveis”, para pedir a demissão de um governo incompetente e deslegitimado e apelou a todos os presentes nesta Universidade a unir-se aos portugueses nesta luta contra a política de austeridade ditada pela troika e imposta a Portugal pelo governo no poder. A resposta imediata foi uma avalanche de aplausos à proposta.

Da Grécia, e representando a Transform!, Elena Papadopoulou recordou ao auditório as similitudes entre o que têm feito com a Grécia e com Portugal: “temos visto como funciona a propaganda do sistema, acusando-nos de vadios, irresponsáveis, etc. E como esta propaganda se foi intensificando à medida que também crescia a resistência”. Explicou que este processo assenta sobre dois pilares: culpabilizar-nos da crise tornando-nos responsáveis pela mesma e convencer-nos da necessidade de obediência. Frente a isto, Papadopoulou defendeu a necessidade de defender a democracia e lutar “pelos direitos que nos arrebatam”, e fazê-lo desde a unidade. Neste ponto, sublinhou a enorme importância do trabalho realizado na Alter Summit celebrada no passado mês de junho em Atenas, admitindo que não é fácil mas que há que fazer um esforço porque esse é o caminho pelo que há que seguir em frente.

Maite Mola, por sua vez, fez finca pé na necessidade de articular a rebelião já que se não, não conduz a nada, e acrescentou: “vão tentar de todas as formas possíveis que a esquerda não ganhe, mas nós temos que convencer as pessoas. Temos de ocupar as ruas, e temos de estar no governo”.

A vice presidenta espanhola denunciou que “atacam o povo de forma desenfreada e sem problemas”, e congratulou-se que após a celebração da Alter Summit a nossa relação com os movimentos sociais e os sindicatos melhorou muito, dando como exemplo o encontro entre o PEE e os sindicatos que teve lugar em Atenas. Referiu também o encontro realizado no final de maio, em Espanha, entre a direcção do PEE, representada pelo seu presidente, Pierre Laurent, o vice-presidente e o líder da Syriza, Alexis Tsipras e a vice presidenta Maite Mola, por uma parte, e os líderes dos dois grandes sindicatos espanhóis CC.OO e UGT. “É complexo mas temos de construir o caminho, e fazê-lo rápido”.

À sessão de abertura seguiu-se uma jornada de oficinas protagonizadas por debates de sindicatos e políticas de emprego, a evolução dos partidos de esquerda na Europa, as perspetivas de unidade após a Alter Summit; o papel da Europa nos atuais conflitos; e um intercâmbio das perspetivas e experiências feministas na questão da paridade e quotas políticas para o desenvolvimento da democracia, entre outros.

A jornada acabou com um jantar político dedicado à América Latina e Europa, com o secretário do Fórum de São Paulo, Valter Pomar, entre os protagonistas.

 

Tradução de Mariana Carneiro.

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