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Portas demite-se do governo

Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros afirma que a decisão "é irrevogável" em comunicado enviado à Lusa e justifica-a com a nomeação de Maria Luís Albuquerque para as Finanças, que não teria o apoio do CDS. Recorde-se que João Semedo, coordenador do Bloco de Esquerda, disse ontem que o “governo está morto, só falta marcar o funeral”.
Portas diz que decisão é irrevogável. Foto de Saul Ramirez/Epa/Lusa (Arquivo)

Paulo Portas apresentou a demissão ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. Em comunicado enviado à Lusa, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros disse que a decisão "é irrevogável" e contesta a escolha de Maria Luís Albuquerque para a pasta das Finanças, depois de a saída de Vítor Gaspar, com quem tinha "conhecidas diferenças políticas", "permitir abrir um ciclo político e económico diferente", sublinha o líder do CDS/PP.

"A escolha feita pelo primeiro-ministro teria, por isso, de ser especialmente cuidadosa e consensual.(...) Expressei, atempadamente, este ponto de vista ao Primeiro-Ministro que, ainda assim, confirmou a sua escolha [de Maria Luís Albuquerque]. Em consequência, e tendo em atenção a importância decisiva do Ministério das Finanças, ficar no Governo seria um ato de dissimulação. Não é politicamente sustentável, nem é pessoalmente exigível", afirma Paulo Portas.

Cavaco não sabia de nada

Cerca de meia-hora antes da demissão ser divulgada, o Presidente da República ainda afirmava ter recebido de Passos Coelho a "garantia absoluta" de que sobre a futura ministra das Finanças "não pesa" nada de "menos correto", o que demonstra que enquanto o novo número 2 do governo se demitia, Cavaco Silva nada sabia.

A nota surreal desta crise, que tudo indica ser a crise final deste governo, é que se mantém a tomada de posse de Maria Luís Albuquerque como nova ministra das Finanças.

Comunicado de Portas na íntegra

1. Apresentei hoje de manhã a minha demissão do Governo ao Primeiro-Ministro.

2. Com a apresentação do pedido de demissão, que é irrevogável, obedeço à minha consciência e mais não posso fazer.

3. São conhecidas as diferenças políticas que tive com o Ministro das Finanças. A sua decisão pessoal de sair permitia abrir um ciclo político e económico diferente. A escolha feita pelo Primeiro-Ministro teria, por isso, de ser especialmente cuidadosa e consensual.

4. O Primeiro-Ministro entendeu seguir o caminho da mera continuidade no Ministério das Finanças. Respeito mas discordo.

5. Expressei, atempadamente, este ponto de vista ao Primeiro-Ministro que, ainda assim, confirmou a sua escolha. Em consequência, e tendo em atenção a importância decisiva do Ministério das Finanças, ficar no Governo seria um acto de dissimulação. Não é politicamente sustentável, nem é pessoalmente exigível.

6. Ao longo destes dois anos protegi até ao limite das minhas forças o valor da estabilidade. Porém, a forma como, reiteradamente, as decisões são tomadas no Governo torna, efetivamente, dispensável o meu contributo.

6. Agradeço a todos os meus colaboradores no Ministério dos Negócios Estrangeiros a sua ajuda inestimável que não esquecerei. Agradeço aos meus colegas de Governo, sem distinção partidária, toda a amizade e cooperação.

Paulo Portas

Lisboa, 2 de julho de 2013

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