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Quem disse que não vale a pena lutar?
Dizem que temos de nos resignar, de compreender, de aceitar, de comer e calar. Sossegadinhos, sem queixumes ou pieguices. Sobretudo, sem protestos e reclamações para não alarmar os 'mercados'. Dizem que não há alternativas. Que a única solução é definhar e deixar morrer o futuro. Querem fazer-nos crer que não valemos nada, que as nossas vidas não merecem dignidade, que os nossos filhos não têm esperança. Querem fazer-nos acreditar que merecemos nada.
E vão aos poucos conseguindo. Percebe-se nas faces cada vez mais cansadas daqueles com que nos cruzamos diariamente, nos olhares cada vez mais apagados dos que partilham connosco os transportes públicos, nos sorrisos cada vez mais escassos e nas gargalhadas, daquelas espontâneas e genuínas, cada vez mais raras... Estamos a entristecer.
Este Governo não se limita a roubar-nos o salário para o entregar a agiotas. A roubar-nos os bens públicos para os oferecer a privados. A tirar-nos a escola pública, o acesso à saúde e aos medicamentos, à cultura e ao desporto, às férias e ao tempo para estar com a família. Este Governo vai mais longe e quer-nos roubar também a felicidade.
E vai aos poucos conseguindo. Como é possível sermos felizes quando vemos crianças nas cantinas das escolas a fazerem sandes com os restos do esparguete do almoço porque sabem que à noite não haverá jantar em casa? Como é possível sermos felizes quando o nosso vizinho tem de escolher entre comprar o medicamento que lhe permite respirar melhor ou o medicamento para aliviar as dores crónicas da companheira? Como é possível sermos felizes quando nos deparamos com tantos, tantos corpos enrolados em mantas velhas e pedaços de cartões um pouco por todo o lado? Como é possível sermos felizes quando vemos as expressões vazias e sem esperança, os olhos sem luz e sem faísca dos que diariamente engrossam as fileiras dos centros de emprego? Como é possível sermos felizes quando todos os dias, um pai ou uma mãe têm de explicar aos filhos que aquela casa, onde cresceram e brincaram já não é a deles? Como é possível sermos felizes quando tudo se desmorona à nossa volta?
Mas é possível mudarmos de rumo. Se soubermos fazer frente a estas políticas cegas. Se nos organizarmos e se nos defendermos. Se nos unirmos. Afinal, somos 10 milhões. E a quem diz que não vale a pena lutar, peço que viaje no tempo e que se recorde de todos os direitos que a humanidade veio alcançando. Que repare no exemplo recente da luta dos professores, aqui e agora, no nosso país. Que se erga e se junte às trincheiras da luta. Por si, por todos. Porque só a solidariedade pode juntar vozes suficientes para nos libertarmos deste garrote que nos tira a vida e a felicidade. Por isso é tão importante que todos, trabalhadores do privado ou do público, desempregados, reformados ou estudantes se unam na Greve Geral de dia 27 e mostrem a este Governo que não se resignam, que não se calam, que não aceitam. Que querem ser felizes. Que querem que todos sejam felizes. E que sabem que têm esse direito.
Comments
Viajar no tempo ainda não é
Viajar no tempo ainda não é possível, quanto á culpa, não é só de agora, isso é não dizer tudo (lá está a tal viagem no tempo, dava jeito agora). Os deputados que ajudam os sucessivos governos a aprovar leis para nos prejudicar também são responsáveis e os que votam contra propostas que nos poderiam ter beneficiado. Ainda me lembro de um tal episódio sobre o queijo, tal deputado da oposição obteve benefícios para a região que o elegeu para aprovar o orçamento contra a vontade do próprio partido. Disciplina de voto prejudica muitas vezes os interesses de quem lhes deu um voto de confiança. Por exemplo é de mau gosto ver deputados e membros de governos ás risadas em plena AR a discutir de assuntos sérios. Os deputados deviam ser os primeiros a defender os nossos interesses, a diferença tem que começar aí. O que por vezes chateia mais é vê-los a votarem contra quando são oposição e a favor quando são governo só porque mudaram umas "linhas" ou palavras. Não sou contra a greve, trabalho no privado, desloco-me a pé, não sou sequer afectado, podem protestar á vontade desde que não me impeçam de trabalhar porque, eu quero, é a minha liberdade. Quanto á felicidade, isso é tudo muito subjectivo, pode ser-se feliz com apenas uma migalha na mão, no entanto há quem o seja com um balde de ouro, depende de pessoa para pessoa, além do mais a felicidade não é infinita e pode ser apenas momentânea. Quanto á luta dos professores, o único resultado foi que prejudicaram os alunos e transmitiram uma imagem de pouca confiança e podemos até comparar á indiferença que o governo tem com os cidadão, é muito semelhante, só pensam neles. Eu por exemplo estou curioso por saber quanto ganha um deputado, quanto custam todos, regalias, porque usam A4/A6 em vez de Clio ou transporte público, quantas faltas dão, porque não perdem o mandato quando dão um certo número de faltas, porque acumulam cargos que não permitem exercer em condições qualquer um deles (ex: vereador/deputado), o que votaram a favor que nos prejudicou, porque o fizeram, receberam algo em troca por nos prejudicar? Quais são as suas fortunas, quanto declaram no IRS e quanto esconderam, porque não aprovam leis contra o enriquecimento ilícito e quem votou contra as mesmas? Mais vale uma lei pouco eficiente que nenhuma! Porque tenho eu que pagar os negócios da banca? Porque não houve referendo para certos assuntos e houve apenas para o aborto?
A que triste destino está o
A que triste destino está o capitalismo a conduzir todos nós.!!
De que adiantou a Portugal ter, por séculos, saqueado o Brasil e a África?
Pobre Europa, velha, envelhecida e burra, a arrastar o mundo por um caminho que não conduz a destino algum.
Pobres de nós, pobres, que precisamos, à custa de nossos suor e fome, sustentar o peso do mundo.
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