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Governo grego em risco de colapso por causa da ERT

Ao décimo dia, prossegue a crise política grega por causa do encerramento da empresa pública de radiodifusão. A proposta do primeiro-ministro de reabrir a estação apenas com uma parte dos antigos funcionários só teve o apoio do PASOK. E os deputados da esquerda abandonaram o Parlamento quando foram impedidos de propor uma emenda à lei que encerrou a ERT e que os tribunais já mandaram travar.
Kouvelis, Samaras e Venizelos: terá sido a última reunião desta troika que aplica o programa da troika?

A terceira reunião desta semana entre os líderes dos três partidos do governo da troika em Atenas foi a mais curta de todas.  Esta quinta-feira bastaram 45 minutos para que o tom de compromisso à saída do encontro do dia anterior desse lugar a palavras mais duras e reveladoras de um impasse. Fotis Kouvelis, do Dimar, afirmou aos jornalistas que tinha insistido na proposta de reabertura da ERT, cumprindo a decisão dos tribunais, e voltou a lembrar que o ato legislativo do Governo foi feito nas suas costas. O número de despedimentos da emissora pública - mais de 2600 trabalhadores - é mais de metade do número que o governo de Atenas prometera à troika despedir na Função Pública durante este ano.

Em resposta ao abandono das negociações por parte do líder do Dimar, o primeiro-ministro Samaras revelou que propôs aos parceiros de governo a reabertura da estação com uma lei a aprovar no prazo de dez dias, comprometendo-se a contratar por três meses 2000 funcionários para a nova estação de televisão e rádio pública. "Eu encerrei a sinistra ERT", afirmou Samaras, acusando Fotis Kouvelis de querer "regressar a esse passado sinistro da ERT". Samaras elogiou a postura de Venizelos, que em nome do PASOK aceitou o que recusava 48 horas antes: uma nova empresa de televisão, sem uma boa parte dos trabalhadores da ERT.

Evangelos Venizelos apelou ao Dimar para "participar neste Governo tripartido, como acontece em qualquer democracia europeia civilizada", mas criticou o comportamento do parceiro da coligação. "É óbvio que quando partilhamos uma responsabilidade, partilhamos uma responsabilidade", sublinou o líder do PASOK, criticando "este comportamento a la carte" do Dimar. "O povo não quer eleições, mas sim um governo que atue rapida e eficazmente", concluiu Venizelos.

Caso o Dimar anuncie a saída do governo, Samaras só poderá contar com os 153 deputados da Nova Democracia e do Pasok para apoiarem o programa da troika que tem castigado a economia e os trabalhadores. Como o parlamento grego tem 300 deputados, mesmo que o governo da troika consiga o apoio de um punhado de independentes, será sempre difícil assegurar maiorias na hora das votações.

Syriza: O governo da troika colapsa ante o fracasso das suas políticas

Como tem sido evidente nas últimas semanas, o principal partido da oposição faz a leitura oposta da vontade popular. Quando o governo cortou o sinal da televisão pública ao povo grego, a 11 de junho, o Syriza afirmou que este era um ataque intolerável à democracia e que a legalidade devia ser reposta. Depois da recusa do governo em cumprir a ordem do Supremo Tribunal Administrativo, que anulava o ato legislativo de cortar o sinal de transmissão, Alexis Tsipras já exigiu várias vezes eleições antecipadas.

Em nota divulgada a seguir à declaração do primeiro-ministro na quinta à noite, o Syriza afirma que o que estamos a assistir é que "o governo da troika colapsa sob o peso dos movimentos populares e o fracasso das suas políticas", pelo que defende que "chegou a hora de ouvir a voz da maior parte do povo em defesa da democracia e pelo fim do memorando". "Precisamos de soluções claras e não de meias-verdades", prossegue o comunicado, reafirmando o apoio à luta dos trabalhadores da ERT.

Esta quinta-feira, o debate político sobre a ERT também assistiu a um momento de grande tensão no parlamento grego, quando a maioria que apoia o governo rejeitou discutir uma proposta de emenda, apresentada pelo PC grego (KKE), para anular o ato legislativo que esteve na origem desta crise. Em sinal de protesto, os deputados do Syriza, dos Gregos Independentes (direita anti-memorando) e do KKE abandonaram a sala

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