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Don't cry for me Mozambique

Recentemente, soube-se por diversos media que existe um risco muito elevado de dizimação total dos rinocerontes selvagens do Parque Natural Moçambicano Great Limpopo, localizado na fronteira de Moçambique com a África do Sul e o Zimbabué.

Nunca pensamos na morte até a enfrentarmos na doença ou num acidente, mas quando falamos, em pleno século XXI, no terrível destino da extinção de uma espécie animal, que sempre conhecemos pelos livros ou televisão e que enriqueceram o nosso imaginário infantil e juvenil, algo corre muito mal no nosso mundo.

Recentemente, soube-se por diversos media que existe um risco muito elevado de dizimação total dos rinocerontes selvagens do Parque Natural Moçambicano Great Limpopo, localizado na fronteira de Moçambique com a África do Sul e o Zimbabué1. A situação na contagem dos rinocerontes ainda está ser analisada e verificada, mas não é nada animador, tanto que uns jornais referem já a extinção dos rinocerontes moçambicanos, enquanto outros ainda assumem a incerteza nas contagens de rinocerontes vivos2.

Porém, o primeiro aspeto preocupante é que ainda assistimos a este fenómeno de extinção, a meu ver, uma figura algo abstrata, que não se encaixa de todo no nosso quotidiano ocidental pós-moderno, mas que vincou sobremaneira o panorama histórico dos Descobrimentos(portugueses e não só), com a extinção de diversas espécies animais e vegetais, como a ave não-voadora Dodó3, por exemplo, ou mais recentemente as duas Grandes Guerras Mundiais, mas ganhando relevo recente nas sangrentas guerras civis que ainda sucedem em países africanos, onde este património natural é imenso e ainda pouco protegido.

Estas guerras teimam em ceifar toda a vida em que tocam, abatendo à sua passagem toda a diversidade animal e vegetal, e manifestam de forma inequívoca o desprezo pela vida animal e vegetal, onde o lucro e o colecionismo da caça grossa assumem proporções abomináveis, sendo neste caso em Moçambique a caça furtiva e o negócio dos chifres de rinoceronte as causas primárias que alimentam o mercado negro da China e Vietname, para benefício duvidoso da medicina tradicional chinesa e vietnamita.

Poderíamos dizer que a ignorância dita este género de situações, que infelizmente têm tendência a tornarem-se demasiado comuns, mas infelizmente tal não é o caso. Trata-se de pura transação comercial, onde os guardas do Parque Natural Moçambicano Great Limpopo desempenham um papel letal no abate certeiro dos rinocerontes. Mais uma vez, a corrupção atinge os mais fracos e desprotegidos, os que não possuem papel-moeda para salvar as suas vidas da ganância atroz de guardas e mercadores.

A par disso, a tendência atual de aumento da extinção de espécies animais e vegetais é um facto inegável4, sendo a mão humana uma causa efetiva neste extinção descontrolada que empreendemos a nível mundial diariamente. Sinto imensa pena da perseguição, stress, sofrimento e morte de animais tão nobres como os rinocerontes em Moçambique, mas não deixa de ser irónico que a maior parte das vezes, apenas valorizamos as pessoas ou seres quando eles desaparecem da nossa vida. Estamos quase a chegar ao momento em que poderemos erigir uma estátua ao rinoceronte, amado quando morto, mas odiado enquanto vivo. As lágrimas querem-se verdadeiras e não de “crocodilo”, que coitado também caminha para o corredor da morte em muitos habitats.

Se um dia destes ouvirem dizer que foi pescado o último atum selvagem, não se admirem, é bem provável que seja verdade. Nesta lista da WWF encontra a longa lista de animais em perigo de desaparecerem por completo do nosso planeta azul, espero que não apenas para sua nota mental:

http://worldwildlife.org/species/directory?direction=desc&sort=extinction_status


Sobre o/a autor(a)

Ativista dos direitos dos animais / Estudante Universitário
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