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Passos diz à troika que idade de reforma vai aumentar ainda mais

A carta que o primeiro-ministro enviou à troika não bate certo com o que disse ao país. E os motoristas de passageiros querem saber como podem continuar a trabalhar aos 66 anos, se a sua carta de condução caduca aos 65.

Na sua comunicação ao país, Passos Coelho procurou ocultar a intenção de aumentar a idade de reforma dos sistemas públicos de pensões para os 66 anos. "Isto quer dizer que a idade legal de reforma se mantém nos 65 anos, mas que só aos 66 não haverá qualquer penalização", disse Passos Coelho em direto para as televisões.

Mas a carta que enviara à troika, dirigida a Durão Barroso, Mario Draghi e Christine Lagarde, com as previsões do impacto dos cortes, revela uma intenção bem diferente, ao falar de "aumento da idade de reforma dos 65 para pelo menos os 66 anos de idade através da alteração da fórmula que ajusta o aumento da esperança de vida – i.e. o factor de sustentabilidade".

O que Passos diz à troika mas não disse ao país é que de facto está em marcha uma operação para aumentar a idade da reforma para além dos 66 anos. Por outro lado, se à troika nada é escrito sobre a mudança da fórmula que define o factor de sustentabilidade, Passos Coelho levantou essa ponta do véu no discurso de sexta-feira, ao propor que "a par da esperança média de vida que já dela consta, possa incluir agregados económicos como, por exemplo, a massa salarial total da economia".

As consequências desta proposta, numa altura em que aumenta a recessão e o desemprego e por isso se reduz a massa salarial total, é que quanto piores forem os efeitos da austeridade no emprego e nos salários, mais anos de trabalho terá a população para além dos 65 anos, adiando ainda mais a idade de reforma sem penalizações. 

Motoristas de passageiros não podem trabalhar além dos 65 anos

Uma das reações contra a proposta de aumentar a idade da reforma veio da Federação dos Sindicatos dos Transportes (FECTRANS), que explica a impossibilidade dos seus associados continuarem a trabalhar além dos 65 anos. "Os motoristas não podem prolongar a sua vida ativa para além dos 65 anos visto que a sua carta caduca aos 65 anos”, afirmou Vítor Pereira.

"O senhor primeiro-ministro tem que nos explicar como é que os motoristas de pesados de passageiros podem prolongar a sua vida ativa se não têm carta de condução ou então têm de explicar às empresas como vão ter motoristas durante um ano sem poderem conduzir”, acrescentou o dirigente da FECTRANS. Em declarações à Lusa, Vítor Pereira acusa ainda o Governo de "falta de sensibilidade", dado que aos 63/64 anos “a maioria dos condutores já se andam a arrastar porque as suas condições físicas já não são as melhores”, por causa do desgaste desta profissão. Prolongar a vida ativa dos motoristas é "torturar estes trabalhadores", concluiu o sindicalista.

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Neste dossier:

Resposta social à nova vaga de austeridade

O primeiro ministro anunciou ao país uma nova vaga de austeridade, que constitui um verdadeiro ataque aos trabalhadores da Função Pública e aos pensionistas e que põe em causa o Estado Social. No dia 1 de junho, tod@s são convocad@s a “juntarem-se num protesto internacional contra a troika e contra a austeridade”. Dossier organizado por Mariana Carneiro.

Passos ataca Função Pública e anuncia novo saque às pensões

No seu discurso ao país, o primeiro-ministro não se referiu uma única vez ao desemprego, mas anunciou o despedimento de 30 mil funcionários públicos, pondo os restantes a trabalhar mais horas por menos salário. As reformas aos 65 anos passam a ser penalizadas e os pensionistas serão sujeitos a um novo imposto. 

Cortes nos ministérios e setor empresarial do Estado atingem 1,22 mil milhões de euros

Segundo a tabela que consta na carta que Pedro Passos Coelho enviou à troika, e que foi publicada no site do Diário de Notícias, os cortes na despesa nos ministérios e setor empresarial do Estado atingem 1,22 mil milhões de euros até 2015. Ministérios da Educação e Segurança Social são os mais afetados.

Passos diz à troika que idade de reforma vai aumentar ainda mais

A carta que o primeiro-ministro enviou à troika não bate certo com o que disse ao país. E os motoristas de passageiros querem saber como podem continuar a trabalhar aos 66 anos, se a sua carta de condução caduca aos 65. 

“Com mais austeridade não haverá equilíbrio das contas públicas”

João Semedo alertou esta segunda-feira que com as novas medidas de austeridade “não haverá crescimento económico, não haverá equilíbrio das contas públicas, haverá recessão e empobrecimento generalizado do país”. Acusou o Governo de tentar iludir os portugueses, ao insistir que o problema da economia do país é o peso do Estado. O coordenador do Bloco defendeu ainda o corte nos juros e na dívida, por serem gastos de dinheiros públicos “sem qualquer utilidade”.

Sindicatos acusam o governo de eleger “as mesmas vítimas de sempre”

As críticas a mais austeridade para trabalhadores e reformados têm eco nas diversas estruturas sindicais. CGTP e UGT, bem como as estruturas sindicais que representam professores, médicos e enfermeiros, militares, polícias, magistrados, funcionários judiciais e trabalhadores de impostos, entre outros, acusam o governo de atacar o Estado Social e de eleger “as mesmas vítimas de sempre”.

Movimentos acusam governo de destruir o país

A Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados acusa o governo de fazer dos reformados o seu “alvo preferencial”. Medidas de austeridade representam, para representantes do Congresso Democrático das Alternativas, uma "espiral de harmonização do retrocesso civilizacional". Precários Inflexíveis adiantam que o executivo apresentou “um plano de continuação de destruição do país”.

CGTP marca protesto para dia 25 de maio para exigir a demissão do governo

“Todos a Belém! Governo Rua!” é o lema da concentração anunciada no final das comemorações do 1º de Maio pelo secretário geral da CGTP, Arménio Carlos. A iniciativa terá lugar no dia 25 de Maio, pelas 15h30, em frente ao Palácio de Belém.

1 de junho: Manifestação internacional contra a austeridade

No dia 26 de abril, o movimento Que Se Lixe a Troika promoveu uma reunião com ativistas de vários países durante a qual foi agendada uma manifestação internacional, a realizar-se no dia 1 de junho sob o lema Povos Unidos Contra a Troika. O esquerda.net transcreve, neste artigo, o comunicado divulgado após esta reunião.

1 de junho: “De Norte a Sul da Europa, tomemos as ruas contra a austeridade!”

Menos de duas semanas após o anúncio da realização da manifestação internacional de 1 de junho, foram já convocadas iniciativas para dezassete cidades portuguesas, bem como para Madrid, Barcelona, Galiza, Castro-Urdiales, Paris, Haia, Milão, Florença, Frankfurt, Viena, Londres, Zagreb, Dublin, Bruxelas e Atenas. Foram ainda criados vários "cartazes virtuais" que são partilhados nas redes sociais. O esquerda.net disponibiliza neste artigo a lista de manifestações já convocadas e algumas das imagens que estão a ser partilhadas. Última atualização a 31.05.2013 pelas 11h20.

Mélenchon apela à participação na manif internacional de 1 de Junho

Jean-Luc Mélenchon, ex-candidato presidencial da Front de Gauche e líder do Parti de Gauche, apelou esta segunda-feira à participação na manifestação internacional - “Povos Unidos contra a Troika” – a decorrer no próximo dia 1 de Junho.

Fenprof apela à participação na manifestação internacional "Povos Unidos Contra a Troika"

O líder da Fenprof, Mário Nogueira, apelou, no final do 11º Congresso desta estrutura sindical, que teve lugar nos dias 3, 4 e 5 de maio, à participação na manifestação internacional "Povos Unidos Contra a Troika", agendada para dia 1 de junho.

Ativista espanhola sublinha importância da manifestação internacional de 1 de junho

Silvia Pineda, ativista da plataforma espanhola Marea Ciudadana, sublinhou, em declarações ao esquerda.net, a importância da internacionalização da luta contra a ditadura da dívida e a troika, e referiu que o 1 de junho foi estabelecido como a data para “a primeira mobilização conjunta”.