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Fenprof: Cortes na Educação são um "crime social"

O aumento do horário de trabalho e da componente letiva na mesma proporção põe em causa o emprego de 12 mil professores, calcula Mário Nogueira, dirigente da Fenprof.
Foto Paulete Matos

Para o líder da Federação Nacional de Professores, o número de professores com horário zero poderá vir a ser fixado entre “os 10 mil, que a troika apontou como dispensáveis, e os 14 mil sugeridos pelo FMI”. Mário Nogueira disse ao Público não ter dúvidas que o aumento do horário de trabalho referido por Passos Coelho irá implicar o aumento das horas da componente letiva. "Se não fosse assim o Governo não atingiria o seu objectivo, que é o de despedir pessoas”, afirma o sindicalista. 

Se o número de horas aumentar na mesma proporção, os professores terão “mais duas a três horas de aulas” no seu horário de trabalho, calcula Nogueira, empurrando para os horários zero cerca de 12 mil professores. No próximo ano letivo, estes professores serão colocados na mobilidade especial, onde podem ficar 18 meses a receber menos salário antes de serem despedidos. 

“O Governo é responsável por um crime social, mas também por um crime educativo porque vai pôr em causa a qualidade de desempenho dos professores e com isso prejudicar os alunos”, acrecsentou Mário Nogueira, acusando o Governo de querer “conjugar o aumento da idade de reforma com o aumento das horas de aulas dos professores”, o que é contrário à ideia de “rejuvenescimento do corpo docente, que é fundamental”, disse.

FNE: "Muitos professores serão considerados excedentários"

O secretário-geral da Federação Nacional de Educação (FNE), João Dias da Silva, afirmou à Lusa que as medidas anunciadas são “mais um pacote doloroso de medidas de austeridade”, que dão continuidade à “desvalorização dos trabalhadores” e à desresponsabilização do Estado. “Depois de tanta gente ter dito que já não havia possibilidade de haver mais austeridade, afinal parece que ainda é possível haver mais austeridade. A opção do Governo é forçar o limite da austeridade, impor mais austeridade, sem ao menos dar como certo um prazo razoável para o fim dos sacrifícios”, lamentou o sindicalista.

“O anúncio do crescimento do tempo de trabalho dos professores significa que muitos serão considerados excedentários”, o que, do ponto de vista da FNE, “é totalmente inaceitável, porque o crescimento do tempo de trabalho significa perda da qualidade do nosso sistema de ensino”. João Dias da Silva lembrou que Portugal já é dos países da OCDE com mais tempo de trabalho direto dos professores com os alunos, e que isso “não é garantia de bons resultados escolares”.

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