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RTP: "Fusão de redações é via direta para despedimento massivo"

Para o Sindicato dos Jornalistas, a proposta da administração da RTP para fundir as editorias de televisão e rádio vai “transformar os jornalistas em pau para toda a obra, liquidar o Acordo de Empresa e impor aos ouvintes e aos espectadores uma informação uniformizada”. Os jornalistas da rádio vão referendar a proposta e os da televisão reúnem esta terça-feira.
Alberto da Ponte quer fundir redações da rádio e televisão públicas. Foto RTP/Flickr

A agitação laboral na RTP prossegue, com o processo de rescisões amigáveis a ter menos adesão que o objetivo dos cortes da administração nomeada por Miguel Relvas. Alberto da Ponte quer fundir as editorias existentes na RDP e RTP nas áreas de Política, Artes, Economia, Agenda e Sociedade e já arrancou a formação em rádio e/ou televisão nas duas redações. Segundo o jornal Público, os jornalistas da rádio pública reuniram esta segunda-feira em plenário para discutir as consequências da proposta e decidiram marcar um referendo para o dia 8 de maio. Esta terça-feira há plenário dos jornalistas da RTP com a mesma discussão na agenda.

Para o Sindicato dos Jornalistas (SJ), as propostas da administração "são vias diretas para o despedimento maciço de jornalistas e põem em causa a diversidade e o pluralismo informativo a que a RTP está obrigada". Em comunicado divulgado esta segunda-feira, o Sindicato prevê que as chamadas editorias partilhadas e a ampliação das tarefas dos repórteres "terá como consequência inevitável a dispensa de significativo número de profissionais, que a empresa pretenderá considerar redundantes e excedentários".

"Não será aliás por acaso que a RTP está a avaliar os custos com cada programa informativo, incluindo quanto aos jornalistas a ele afectos", justifica o comunicado do SJ. O Sindicato não aceita que o serviço público seja reduzido a "uma informação uniformizada, tipo pronta a servir, pensada e dirigida para ser executada por unidades editoriais únicas ainda que servidas através de dois órgãos de comunicação social distintos", pelo que considera que "é manifesto que o pluralismo está ameaçado e que os direitos dos jornalistas estão atingidos", tal como aconteceu no caso da fusão de editorias de Economia nos jornais Diário de Notícias e Jornal de Notícias, ambos propriedade da Global Notícias, com a criação do site "Dinheiro Vivo".

Entidade Reguladora já criticou fusão de editorias na Global Notícias

Neste caso, também motivado por uma reestruturação de um grupo de comunicação social, a deliberação da Entidade Reguladora da Comunicação (ERC) foi a de exortar as direções do DN, JN e Dinheiro Vivo "a que mantenham a autonomia, a identidade e a diversidade dos seus projetos editoriais, com pleno respeito pelos direitos dos jornalistas" e reconheceu que a "partilha recorrente de conteúdos" entre as três publicações tem "consequências na diversidade da informação disponibilizada ao público". O Sindicato irá também apresentar uma queixa à ERC no caso da RTP, depois de já ter apresentado queixa na Autoridade para as Condições de Trabalho. 

Para o SJ, as intenções de Alberto da Ponte "devem ser inequivocamente rejeitadas e combatidas pelos jornalistas, não apenas em defesa do seu legítimo direito aos postos de trabalho, mas também em defesa do direito dos cidadãos a uma informação de qualidade, diversificada e pluralista".

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